Antes de se radicar em Goiânia (GO), Antônio Poteiro (1925-2010) viveu em Araguari e Uberlândia. Nessas cidades mineiras, o artista, nascido em Portugal mas naturalizado brasileiro, trabalhou como ceramista, produzindo peças utilitárias. Foi a partir da década de 70, após conhecer outros talentos, como o pintor goiano Siron Franco, que ele começou a experimentar a pintura.
O trabalho de Poteiro logo chamou atenção para o uso das cores, dentre eles o azul, que se tornou uma de suas principais marcas. A mostra “Poteiro, o Popular e o Público”, que abre nesta terça (14), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), para convidados, e nesta quarta-feira (15) para o público, vai reunir 29 telas nas quais essa, entre outras características, poderão ser mais bem percebidas.
“Ele dedicava-se à composição, buscando sempre destacar o azul, especialmente o azul-celeste. É sempre muito presente nas pinturas dele um olhar contemplativo para o céu. Além disso, o azul também aparece em suas criações meio abstratas, e a cor, de certa forma, aponta para o fascínio e a apreensão muito intensa que ele fez das tonalidades em sua obra”, diz Rafael Abdala, que trabalhou ao lado de Leno Veras na curadoria da exposição.
Poteiro também pintou temas ligados à religiosidade e à própria formação do Brasil. Ao longo dos anos, grande parte da crítica referiu-se às pinturas do artista como arte primitiva ou naïf. Mas, para Abdala, que detalha o eixo curatorial desenvolvido por Veras, a visão do trabalho de Poteiro como algo ingênuo pode ser questionada tomando-se como referências as próprias pinturas. A série inspirada nos 500 anos do Brasil, de acordo com ele, é um dos principais exemplos.
“Leno Veras, na construção da mostra, colocou em questionamento essa questão da ingenuidade atrelada à arte primitiva e naïf. E o curador argumenta justamente a partir dessa série de Poteiro, em que ele faz uma leitura dos imaginários em torno do Brasil, seja ele religioso, folclorista ou indígena”, afirma Abdala.
Além desse conjunto, que abarca 22 telas, há outras sete nas quais se podem visualizar outras facetas da pintura de Poteiro. “Nós reunimos também 13 fotografias que mostram o modo como o artista se relacionava com diversas personalidades em seu ateliê”, diz Abdala.
Agenda
O quê. Abertura da mostra “Poteiro, o Popular e o Público”.
Quando. Quarta-feira (15), a partir das 10h; visitação: até 30/3, de quarta a segunda, das 10h às 22h.
Onde. Centro Cultural Banco do Brasil (praça da Liberdade, 450, Funcionários).
Quanto. Entrada gratuita.