Com 44,10% dos votos, a participante Thelma Assis desbancou as concorrentes e tornou-se campeã da 20ª edição do “BBB”, reality show da Rede Globo, que terminou nessa segunda-feira (27) depois de 98 dias. Ela levou para a casa o prêmio de R$ 1,5 milhão, além de um carro zero da Fiat. 

Ela comemorou muito e parecia não acreditar. Antes mesmo de ser escolhida pelo público, ela já havia revelado o que vai fazer com o prêmio. “Eu quero sair do aluguel, comprar um apartamento e ajudar minha família”.

Thelma disputou a preferência do público com Manu Gavassi e Rafa Kalimann, que tiveram, respectivamente, 21,09% e 34,81%. Com o segundo lugar, Rafa recebeu o valor de R$ 150 mil. Já Manu ganhou R$ 50 mil. 

Em tempo de quarentena, o último dia do programa foi diferente: os 17 brothers já eliminados participaram virtualmente. 

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A campeã

A médica anestesiologista Thelma Assis, ou Thelminha, tem 35 anos e é natural de São Paulo. Casada há dez anos, ela também é bailarina e passista e por várias vezes, durante a edição, declarou seu amor ao samba. O fato de ser obstinada foi sua principal característica (dentro e fora do “BBB 20”). Sem dinheiro para pagar a faculdade, ela estudou por três anos para passar no vestibular. Acabou ingressando em uma faculdade particular com bolsa de 100%, mas precisou mudar de cidade. “Primeiro, morei em uma pensão. Só levei uma caneca, um garfo e algumas roupas. Me virava com R$ 300 por mês. Só não passei fome. De resto, teve tudo que você possa imaginar”, contou ela ao site do programa, ao revelar que também nunca conseguiu comprar um livro e que não tinha estetoscópio para as aulas práticas.

Adotada com apenas três dias, Thelma descobriu o fato por meio de uma ligação anônima. “Até hoje não sei quem me ligou. Fiquei dois dias fora do ar, mas entendi a decisão dos meus pais. Ter nascido do coração deles foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido na vida”, disse ela, que nunca procurou a família biológica. A médica também revelou ao site episódios de racismo e autoaceitação. “Tanto na dança como na medicina, sempre fui a única negra nos meus grupos”, disse. “A minha história é parecida com a de muitas meninas negras. Odiava meu cabelo, então alisava. Nem lembrava mais como ele era sem química. Um dia me revoltei e passei a tesoura. Foi minha libertação”, pontuou. 

No programa, a sister foi duas vezes líder e esteve por quatro vezes emparedada. Formou, já nas primeiras semanas, um trio de amigas com Marcela e Gizelly, mas, com a aproximação de Daniel e Ivy ao grupo, viu-se mais isolada. Desde o início, também se manteve próxima do ator Babu Santana. Já na metade do jogo, criou laços com aquelas que se tornaram finalistas do programa, Manu e Rafa. Thelma teve, claro, também episódios de briga, com Lucas (quando ele decidiu não contribuir para a compra de comida), com Mari (que insinuou ter deixado a médica ganhar uma prova de resistência que durou 26 horas) e com Flay (em uma discussão sobre coerência no jogo). 

O programa

Após uma nem tão boa edição em 2019, em termos de repercussão, o “BBB 20” trouxe uma fórmula inédita, mesclando inscritos (pessoas comuns, da turma apelidada de “Pipoca”) e convidados, como atores e influenciadores digitais (do chamado “Camarote”). Os números mostram que a estratégia deu certo. Pela primeira vez, uma edição foi estendida (a final deveria ter ocorrido na última quinta-feira, dia 23). Também foi sucesso de audiência, com média geral de 25 pontos. Além disso, estima-se que a Globo tenha arrecadado R$ 255,6 milhões em patrocínio.
 
As votações alcançaram números impressionantes, sendo que o Paredão formado pelos participantes Felipe Prior, Manu Gavassi e Mari Gonzalez, que culminou com a saída do arquiteto, registrou mais de 1,5 bilhão de votos. Desta forma, a edição chegou ao “Guinness Book”, o livro dos recordes, como o programa de televisão que recebeu a maior quantidade de votos do público.

O “BBB 20” não fugiu à regra das edições anteriores e levantou temas polêmicos e sensíveis, como feminismo e racismo, além de ter registrado acusações de assédio. A história mais marcante foi uma trama machista desenvolvida ainda na primeira semana, quando parte dos homens, como Hadson e Lucas, planejou seduzir as participantes famosas e comprometidas (especialmente Bianca Andrade e Mari Gonzalez), por julgá-las fortes demais para serem batidas nos Paredões. Ao compartilharem a ideia com duas aliadas até então, Marcela e Gizelly, eles viram a situação virar um problema, já que elas revelaram a equivocada intenção para outras pessoas, que se uniram. Com a chegada de dois participantes da Casa de Vidro, Ivy e Daniel, a história teve uma reviravolta ainda maior, uma vez que, munida da informação sobre a péssima repercussão do caso entre o público, a dupla revelou o que sabia, e o grupo chamado de “Comunidade Hippie” acabou por eliminar todos os homens envolvidos na trama, garantindo um protagonismo feminino e o apelido de “Big Sister Brasil”. 

Os que se salvaram haviam participado pouco ou nada do esquema: Felipe Prior e Babu Santana formaram, então, uma carismática parceria. Sem aliados após a saída do amigo, Babu se tornou o recordista em participações em um Paredão, sendo indicado por dez vezes (e eliminado apenas na última berlinda, realizada no sábado). 

Como a edição foi comemorativa pelas duas décadas do reality, várias provas relembraram participantes ou momentos do programa. O famigerado Quarto Branco, por exemplo, apareceu, mas acabou não durando por muito tempo, já que Manu Gavassi, escolhida para ir para o local por Felipe Prior, ao lado de Gizelly, resolveu testar a dinâmica, apertou o botão e foi direto para o Paredão. 

Mas também houve novidades, como a prova Bate e Volta, que possibilitava o retorno à casa de um dos participantes emparedados. Sobre as diferenças em relação às demais edições, chama atenção o fato de poucos casais terem agradado ao público. Gabi Martins e Guilherme, que já não estão mais juntos, até geraram algum interesse, mas graças à interferência de Bianca Andrade (que viu seu namorado, o cantor Diogo Melim, terminar o romance após vê-la flertando) e Victor Hugo. Marcela e Daniel, com seu comportamento desleixado, definitivamente não fizeram sucesso fora da casa – o rapaz, aliás, foi apontado como uma das razões para que a médica visse seu inicial favoritismo acabar. 

“BBB 21”
As inscrições para a próxima edição do programa já estão abertas, e o diretor Boninho explicou que, por causa da pandemia do coronavírus, haverá uma nova exigência: “Só vamos aceitar vídeos feitos dentro de casa”, informou via redes sociais.