O evento global #MuseumWeek2020 foi ativado em 2014, a partir de 12 museus franceses que almejavam ampliar seu público. A iniciativa convoca museus e instituições culturais de todo o mundo para se unirem em tornos de causas de relevância. Neste 2020, nem poderia ser diferente. O tema escolhido foi "togetherness" (união, em português), reforçando a importância de toda a comunidade estar unida para enfrentar a crise mundial de saúde deflagrada com a pandemia do novo coronavírus. Iniciada no último dia 11, o movimento traz, a cada dia, e até o domingo, 17, um tema diferente: “heróis”, “cultura na quarentena”, “juntos”, “momentos museu”, “clima”, “tecnologia” e “sonhos” são as hashtags pensadas para as ações.
 
Na capital mineira, um dos equipamentos que aderiram à campanha desde o início foi a Casa Fiat de Cultura, lembra Ana Vilela, gestora cultural do equipamento.  "Nesse ano, a cada hashtag estamos relembrando o que foi feito em consonância a essas temáticas e, ao mesmo tempo, fazendo algumas homenagems. Na primeira, "heróis", além de prestar tributo a enfermeiros, motoboys, às pessoas dos chamados serviços essenciais, a gente não deixou de destacar como primordial, por exemplo, o conservador de obras de arte, que segue cuidando do acervo e do patrimônio mesmo nesse período, no qual todos estão em casa. Um trabalho que consideramos essencial para evitar a degradação do patrimônio artístico que está na reserva técnica de museus e coleções", explica ela.
 
Na verdade, o endosso à campanha #MuseumWeek acaba sendo mais uma das ações virtuais que o espaço tem desenvolvido nesse período em que a sede física está com as portas fechada. "Para atender esse momento no qual as pessoas estão em casa, a gente tem procurado estar conectado, todos nós, e de uma forma nova inclusive pra gente, porque passamos a usar as redes sociais não só como um ponto de encontro com os que costumam frequentar a Casa Fiat, mas também como um espaço para gerar conhecimento, novos ângulos a respeito da arte. E o que estamos tentando fazer desde março".
 
Ana Vilela lembra que todos os funcionários do espaço estão em home office. "Mas desenvolvemos três eixos principais de programação nas redes sociais, como os vídeos com a equipe do programa Educativo, no qual as educadoras fazem a mediação de importantes obras de arte que já passaram pela Casa Fiat, como a 'Medusa', de Caravaggio. Temos também, já disponíveis no site e nas redes sociais, vídeos sobre a exposição de 'Roma', a de Portinari... Então, estamos focando vários aspectos de uma obra ou de uma temática e disponibilizando ao público o conhecimento desenvolvido. Em paralelo, começamos a oferecer o download gratuito dos catálogos de exposições como as de (Marc) Chagall, (Auguste) Rodin, Tarsila (do Amaral) e Caravaggio".
 
O engajamento, diz Ana, tem surpreendido positivamente a equipe. "Estamos medindo (o feedback) pela participação (dos internautas) seja com comentários, em repostagens e retornos, por exemplo, de atividades como o quiz que lançamos. Também estamos dando dicas culturais de visitação virtual a outros museus do mundo. Na verdade, a atenção de todo mundo está, nesse momento, no universo digital, e ele nos possibilita ir muito além das nossas fronteiras (geográficas) , entrando gratuitamente em contato com a arte produzida em todo o planeta. Entendo que o público está aprendendo a desfrutar (dessa possibilidade) e acho que tem programação para todos os perfis". 
 
Para Ana, a arte pode ser vista como um conforto em tempos nos quais a incerteza e a angústia pairam. "Ela está entrando nas casas, nas famílias, conectando públicos do mundo inteiro. A gente tem participado de lives, palestras, cursos, onde as pessoas interagem, trocam ideias, disponibilizam conhecimento nos chats. Está sendo um momento rico. A arte vem dar um sentido diferente para as pessoas que estão vivendo uma nova rotina em suas casas. Ajuda a compreender o mundo e leva as pessoas a perceberem e a observarem, de uma forma poética, artistica, mais leve, para onde estamos indo. Uma releitura do mundo e dos acontecimentos, e uma projeção das experiências dos artistas".
 
Para junho, a Casa Fiat deve iniciar outras ações, como a realização de palestras virtuais. Sim, a instituição entende que o confinamento deve se estender um pouco mais do que o inicialmente previsto. "Acredito que teremos ainda algumas semanas para desfrutar desse momento de acesso irrestrito à arte, e acho que o alcance das redes sociais é exponencial em relação ao presencial", pontua Ana. "Mas também com muita expectativa para retomarmos as atividades presenciais e a experiência da convivência nos nossos espaços, que é hoje o maior sonho das pessoas. Voltar a ter esse convívio, voltar a poder  apreciar uma exposição (in loco), um concerto de música, trocar ideias em palestras, estar com as pessoas. Eu acho que em breve estaremos juntos nesses dois mundos, no presencial e no digital", vaticina.