Tomadas por lojas que vendem quinquilharias, utilidades para o lar e outras miudezas, as fachadas de alguns edifícios icônicos de Belo Horizonte não costumam ser muito acolhedoras ou convidativas. Mas quem avança para dentro das galerias que esses prédios possuem tem encontrado gratas surpresas, sobretudo gastronômicas. É o caso dos novíssimos bares Palito e Pirex, que ficam no segundo andar da Galeria São Vicente, localizada no centro de BH desde 1959. Mais famoso por abrigar estabelecimentos de venda e conserto de máquinas de costura, na praça Raul Soares, o imóvel conta com lojas internas e uma varanda que vem sendo reocupada por essas iniciativas gastronômicas.
Mas, para conhecer a experiência é preciso aprender a olhar pra cima, literalmente. “Escutei de diversas pessoas que o público não subiria para tomar um drink. Ora, por que não? Ao contrário da rua, o cliente tem que conhecer, se dispor a ir. A escada estreita, a sensação de achado, descoberta, faz a aura da galeria. O cliente já chega com outro clima, com vontade de aproveitar. O desafio é fazer com que o ambiente não seja apenas uma moda passageira.”, justifica Túlio D’angelo, sócio da drinkeria Palito ao lado de Thiago Ceccotti.
Foi ele quem puxou a fila da nova safra do processo de ocupação do segundo andar do prédio, em maio deste ano, oferecendo uma objetiva carta de sete coquetéis clássicos como negroni, martini e bloody mary a preço fixo e, de quebra, com a vista da praça Raul Soares de um ângulo inexplorado até então.
Meses depois, bem ao lado da Palito, Michelle Matos e o marido, o chef Jaime Solares, viram o mesmo potencial para abrir o bar Pirex, que hospeda uma gigante estufa de preparos quentes e frios – são cerca de 50 opções –, como língua ao vinagrete com polvo, capetinha, abobrinha marinada e salpicão servido na barquete, sem contar as frituras que saem quentinhas da cozinha como macarrão (batizado de “torresmo vegano”) e picles frito, enaltecendo a cultura de boteco no balcão.
Movimento
Antes da recente ocupação, a São Vicente vinha sendo usada para depósito de muitos comerciantes do Mercado Central, devido ao excelente custo-benefício e à proximidade. Para os próximos meses, mais inaugurações estão previstas – além dos bares já citados e do espaço Atenda Holística –, como o Gumbo, restaurante especializado em culinárias cajun e creole.
O movimento é muito parecido com o que já aconteceu nas varandas do icônico edifício Maletta, com vista para o Museu da Moda, e, mais tarde, com o edifício Sulacap, com vista para o viaduto Santa Tereza, e com o Mercado Novo e suas incontáveis portinhas, que foram se transformando em restaurantes, cachaçarias e cervejarias artesanais – cujo crescimento já extrapola o terceiro andar do imóvel.
“As galerias e as varandas possibilitam a criação de coletivos, da pluralidade de lojas e experiências. Restaurantes com propostas diferentes, drinkerias diversas, isso agrada ao público, foge da mesmice”, acredita Túlio D’angelo.
Ele ainda observa que a movimentação prevista para a galeria São Vicente só aumenta e que lojas com ares abandonados, em breve, se tornarão um ponto agitado de novas atividades, atraindo cada vez mais clientes que, com a concentração de várias possibilidades de consumo divididos em um mesmo lugar, possam fazer a sua escolha. “Entregar uma vista da cidade por outro prisma é um dos grandes triunfos de não se posicionar na rua”, conclui.”, conclui.
Bar Palito
Quinta e sexta: das 18h às 0h
Sábado: das 16h às 0h
Galeria São Vicente: Avenida Amazonas, 1049, Centro, Belo Horizonte
Bar Pirex
Quinta e sexta: das 18h às 0h
Sábado: das 12h às 0
Segunda: das 18h às 0h
Galeria São Vicente: Avenida Amazonas, 1049, Centro, Belo Horizonte