Um homem que “tinha voz forte, a fala arrebatada e o gênio agastado”. Desta maneira, o biógrafo Rodrigo José Ferreira Bretas descreve o escultor e arquiteto Aleijadinho (1738-1814), em livro publicado no ano de 1858. 

Os doze profetas esculpidos por Aleijadinho em pedra-sabão, que integram o conjunto do Santuário do Bom Jesus do Matosinhos, permanecem como o principal cartão-postal da cidade histórica de Congonhas, no interior de Minas Gerais. 

Por essa razão, o maestro Herculano Amâncio batizou o coral fundado por ele, em 1978, de Cidade dos Profetas. “É um casamento perfeito entre a arquitetura e a música, ambas são parte da mesma estrutura”, resume. 

Ele conta que, desde a infância, acostumou-se à vivência de “cantar peças do século XVIII”. “Moramos numa espécie de corredor que tem, de um lado, São João del-Rei, Tiradentes, Prados e Suaçuí, e, do outro, Ouro Preto e Mariana, com essa tradição das cerimônias religiosas que acontecem até hoje”, conta. “Com o passar do tempo, o gosto por essa música foi aumentando. Tendo ao meu redor as obras de Aleijadinho e as igrejas, tudo se encaixou”, completa. 

Louvor

Hoje, o coral apresenta em Belo Horizonte as peças de seu novo álbum, “Em Louvor à Virgem Maria”, o terceiro de sua discografia. “Estudamos e cantamos a música colonial mineira há mais de 32 anos e observamos que o povo mineiro tem essa grande devoção à Virgem Maria, que foi trazida ao país pelos portugueses. A pregação da Igreja Católica e dos sacerdotes acabou chegando aos compositores”, pontua o regente. 

Antífonas (melodia curta, executada em canto gregoriano) e ladainhas fazem parte desse repertório, que contempla obras dos compositores Marcos Coelho Neto, Lobo de Mesquita e Manoel Dias de Oliveira, além de algumas peças de autoria não identificada. 

“Naquela época, em que as irmandades da Igreja Católica encomendavam as peças, o músico se preocupava mais em participar das celebrações do que em assinar as obras”, justifica o maestro. 

Programe-se

O quê. Concerto do Coral Cidade dos Profetas

Quando. Hoje, às 11h 

Onde. Memorial Vale (praça da Liberdade, 640)

Quanto. Gratuito, sujeito a lotação, com retirada de senhas uma hora antes