“Belo Horizonte nunca mais será a mesma depois dessa década”, anuncia o jornalista Artênius Daniel. O período a que ele se refere compreende os anos entre 2010 e 2020 e, sobretudo, as transformações políticas, sociais, comportamentais e culturais ocorridas nesse intervalo. Da reflexão sobre os acontecimentos, vistos de perto a partir de seu envolvimento com a cena, nasceu o projeto “BH Anos 10”, lançado neste mês e que pretende dar conta dessa efervescência na capital mineira. “A ideia veio de um sentimento de que essa história importante e valiosa deve ser registrada”, comenta.

Segundo o jornalista, o “BH Anos 10” vem sendo pensado há algum tempo, mas, com a aprovação no Fundo Municipal de Cultura, em 2019, a proposta ganhou corpo. O projeto está em fase de coleta de depoimentos e relatos de quem fez parte ativamente dessa mudança ou tem o desejo de compartilhar sua percepção sobre a década passada. Textos, fotos e vídeos vão compor um portal multimídia e também as redes sociais. “Será uma espécie de mapeamento afetivo sobre essa década”, conta Artênius.

Num segundo momento, dentro de mais ou menos um ano, o objetivo a ser alcançado será a produção de um livro que dê conta do que ocorreu nas ruas e avenidas de BH; nos botecos, nos becos e nas manifestações da cidade. A equipe responsável pela empreitada conta com jornalistas, historiadores, publicitários e fotógrafos.

“É uma pesquisa grande e intensa. Todos esses movimentos redefiniram não só o espaço urbano, mas também nossa mineiridade”, analisa. Para Artênius, o belo-horizontino passou a ter outro entendimento de cidade após os eventos que definiram os últimos dez anos e deixaram sementes para o futuro: “Hoje, nós nos entendemos como uma cidade que pulsa, colorida, que integra o centro e a periferia”.

Dentro dessa diversidade, movimentos como o Duelo de MC’s, a Praia da Estação, o Tarifa Zero, as ocupações urbanas, o ressurgimento do Carnaval de rua de BH - além dos movimentos com reivindicações sociais -, em meio às tentativas de repressão, terão lugar em uma espécie de museu afetivo da capital.

“Daqui a 40, 50 anos, será fundamental entender a origem dessas expressões fantásticas que aconteceram na cidade e que marcaram BH em todos os campos”, define o jornalista Artênius Daniel.

Colaborativo

Como o valor recebido via Fundo Municipal de Cultura não custeia todo o projeto, uma campanha de financiamento coletivo será lançada após o Carnaval. As informações serão divulgadas nas redes sociais da iniciativa (@bhanos10).