O dólar opera em forte queda em relação ao real nesta quinta-feira (31), acompanhando o movimento global de fraqueza da moeda americana e também pelo fato de o Banco Central ter leiloado apenas uma parte dos contratos de swap cambial reverso propostos nesta sessão.
Os juros futuros sobem, após o BC ter divulgado Relatório Trimestral de Inflação que mostrou piora das projeções. A autoridade monetária reiterou que não trabalha com a hipótese de diminuir a taxa básica de juros, a Selic. Já o Ibovespa recua, em um movimento de realização dos lucros obtidos durante o mês e com o esfriamento dos ânimos em relação a um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff.
O dólar à vista recuava há pouco 1,91%, a R$ 3,5552; já o dólar comercial perdia 1,57%, a R$ 3,5650.
A moeda americana perde terreno frente às principais moedas globais ainda por conta da percepção de investidores que uma alta dos juros americanos não deverá ocorrer logo. Na terça-feira (29), a presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Janet Yellen, afirmou que é preciso ter cautela para subir os juros.
No campo doméstico, o Banco Central realizou leilão de swap cambial reverso, que equivale à compra futura de dólar, com os 17.000 contratos que não foram leiloados na quarta-feira (30). Deste total, houve aceitação de apenas 2.900 contratos nesta sessão.
Analistas destacam que a definição da Ptax de março também pressionava a cotação da moeda americana. A Ptax é a taxa calculada pelo BC que serve de referência para diversos contratos cambiais. Operadores costumam disputar para influenciar as cotações da Ptax para torná-las mais favoráveis a suas posições no final do mês.
Juros
Os juros futuros operam em alta, após o Banco Central divulgar piora nas projeções de inflação no Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta manhã. O contrato de DI para janeiro de 2017 avança de 13,760% para 13,825%; e o contrato de DI para janeiro de 2021 sobe de 13,620% para 13,730%.
Segundo o Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira, o BC vê inflação subindo 6,6% em 2016 e 4,9% em 2017 pelo cenário de referência, sobre projeções anteriores de elevação de 6,2% e 4,8%, respectivamente. A autoridade monetária reafirma que as condições atuais "não permitem hipótese de flexibilização monetária".
"É a primeira vez em que o BC reconhece estouro da meta [de 6,5%] em 2016", destaca a equipe de análise da XP Investimentos. "Embora o presidente da instituição, Alexandre Tombini, tenha recentemente afirmado que acredita na inflação no centro da meta em 2017, o documento divulgado hoje só assegura essa convergência no primeiro trimestre de 2018", acrescenta.
O BC repetiu ainda que não trabalha com a hipótese de flexibilização monetária e que adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas.
Bolsa
O Ibovespa recuava há pouco 1,72%, aos 50.366,63 pontos, em um movimento de realização de lucros que também é visto nas demais Bolsas globais. Ainda assim, março caminha para ser um dos melhores meses para a Bolsa em mais de 13 anos, com ganho de pelo menos 17%.
No campo político, analistas dizem que o clima de "já ganhou" em relação a um possível impeachment da presidente Dilma Rousseff deu lugar a incertezas, em meio às negociações do governo para dar cargos a outros partidos da base aliada depois da debandada do PMDB.
A permanência de ministros peemedebistas também diminui o ânimo de investidores. "O racha no PMDB e a caneta do governo para distribuir cargos e verbas coloca o sinal amarelo em relação ao impeachment", escreve o analista Vitor Suzaki, da Lerosa Investimentos, em relatório.
No setor financeiro, Itaú Unibanco PN perdia 2,58%; Bradesco PN, -3,06%; Banco do Brasil ON, -1,92%; Santander unit, -3,55%; e BM&FBovespa ON, -0,63%.
As ações da Petrobras caíam 0,11%, a R$ 8,44 (PN)), e 0,93%, a R$ 10,70 (ON), apesar da alta do petróleo nesta quinta-feira.
Em Londres, o Brent ganhava 1,38%, a US$ 39,80 o barril, e o WTI avançava 1,36%, a US$ 38,84.
Os papéis PNA da Vale perdiam 2,64%, a R$ 11,40, e os ON caíam 3,08%, a R$ 15,06, acompanhando a queda dos preços do minério de ferro na China.
Exterior
Nas bolsas globais, os investidores também aproveitam para embolsar os ganhos recentes.
Na Bolsa de Nova York, o Dow Jones avançava 0,15%, o S&P 500, +0,12% e o Nasdaq, +0,19%.
Na Europa, as Bolsas operavam no terreno negativo: Londres (-0,39%); Paris (-1,32%); Frankfurt (-0,84%); Madri (-1,67%); e Milão (-1,19%).
Na Ásia, as Bolsas fecharam com resultados mistos.