A bolsa de valores no Brasil não sentiu tanto os efeitos da instabilidade global que derrubou carteiras na Europa e na Ásia nesta segunda-feira, com o risco de recessão na economia dos Estados Unidos. O mercado encerrou o dia com queda de 0,46%, enquanto no Japão a retração foi de 12%, na Coreia do Sul de 8,8%, Taiwan 8,35% e Singapura 4,07%. 

Mas como fica a bolsa brasileira neste momento de instabilidade? Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, afirma que a situação demanda maior cautela, mesmo com a bolsa operando positivamente nesta terça-feira (6). Segundo ele, é necessário aguardar os desdobramentos do ‘sell off’ observado no início da semana, com o grande volume de vendas de títulos, e até quando os investidores irão manter a posição de carry tarde, quando são feitos empréstimos em países com taxas mais baixas de juros para aplicação em mercados com índices mais altos. 

“A gente ainda tem as preocupações internas, a gente tem preocupação com câmbio fiscal e também inflação, mas na outra ponta a gente vê commodities performando de forma mais negativa e também já um possível corte de juros no mercado americano em setembro, aliviando a taxa de juros aqui no Brasil, enquanto as três vertentes fiscal, dólar e inflação pressionam esses juros. A gente ainda tem muita volatilidade no mercado, principalmente na parte macro, é muito cedo para tomar decisões”, observou o economista.

Moreira assinalou que com o atual cenário, investidores têm buscado ativos consolidados e com menor volatilidade ao mercado global. “É meio complicado prever o cenário daqui pra. A gente pode ter cenário positivo, a gente pode ter um cenário negativo. Se a gente ver piora de dados nos Estados Unidos, isso vai impactar o mundo como um todo e vai impactar a nossa bolsa também. Se a gente ver uma piora no cenário interno, seja no fiscal, seja no câmbio, ou seja na inflação, isso vai impactar o Ibovespa negativamente”, complementou Pedro Moreira. 

Na hipótese de uma melhora econômica nos Estados Unidos e em outros países, o Brasil pode observar impactos positivos. “É aguardar os dados e aguardar a realização dos próximos fatos, tanto no mercado interno aqui no Brasil quanto no mercado externo. Mas nesse momento a gente não tem um direcionamento claro para o Ibovespa”, arrematou.