A fala polêmica de Tallis Gomes, presidente da escola de negócios G4 Educação e fundador da Easy Taxi (vendida para a Cabify em 2017): “Deus me livre de mulher CEO”, reforça ainda mais a desigualdade de gênero no mercado. Elas ocupam menos cargos de chefia e recebem menos do que os homens para uma mesma função. O número de mulheres CEOs (principal executivo de uma empresa ou grupo) é bem menor no mundo corporativo. Mundialmente, representam 6%, segundo a consultoria Deloitte. No Brasil, de acordo com a mesma pesquisa, são 2,4% apenas.
 
Outros dados comprovam a desigualdade de gênero persistente no Brasil. A disparidade salarial entre homens e mulheres aumentou no período de um ano, e mulheres receberam, em média, 20,7% menos do que homens em 2023, mostra levantamento do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O segundo relatório de transparência salarial foi compilado a partir de informações enviadas por 50.692 empresas, todas com cem ou mais empregados. O envio dos dados está previsto na lei de igualdade salarial aprovada em 2023. No primeiro documento, divulgado pelo governo em março, a remuneração das mulheres era 19,4% menor do que a dos homens, com base em números de 2022.

Segundo o MTE, em 2023, a remuneração média das mulheres foi R$ 3.565,48, enquanto a de homens ficou em R$ 4.495,39. Em posições de chefia, a discrepância média entre homens e mulheres é ainda maior e chega a 27% para dirigentes e gerentes (em 2022, a cifra era de 25,2%). O levantamento do governo mostra que a desvantagem das mulheres é ainda maior quando se faz o recorte de raça. De acordo com o relatório, as mulheres negras recebem 50,2% da remuneração dos homens brancos no Brasil. Em 2023, o ganho médio da mulher negra foi de R$ 2.745,76, enquanto a dos homens não negros foi de R$ 5.464,29.