A alta demanda por Ozempic esvaziou os estoques em todo o mundo neste ano, e os reflexos disso chegam às farmácias em Belo Horizonte. Na drogaria Araujo, o cliente encontra um recado sobre a escassez fixado no balcão, acompanhado por um alerta: “não interrompa o seu tratamento”.
O Ozempic é um medicamento desenvolvido e aprovado para combater a diabetes tipo 2. Mas ele também tem sido utilizado — e popularizado — por quem deseja emagrecer, embora não seja aprovado para controle de peso ou para qualquer adulto que não seja diabético. A própria fabricante afirma que não apoia usos off label da droga, isto é, além do que está determinado na bula.
No dia a dia das farmácias, a maioria dos clientes que o procura está em busca da opção para emagrecer, segundo o vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estados de Minas Gerais (Sincofarma-MG), Gilvânio Eustáquio Rodrigues. “Ele é mais conhecido para emagrecimento do que para diabetes”, diz. Atualmente, a receita do Ozempic não é retida nas farmácias, mas um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional pode mudar esse cenário.
Em junho deste ano, a fabricante do Ozempic, a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, divulgou um comunicado sobre a escassez do produto no mercado. “Haverá disponibilidade intermitente da apresentação de Ozempic 0,25 mg, 0,5mg e 1mg ao longo de 2024, devido à demanda maior que a prevista”, diz. Ela afirma que o estoque deve ser reestabelecido de forma gradual, devido à complexidade logística da distribuição.
O cartaz na Araujo avisa: “o medicamento Ozempic está com baixa disponibilidade de estoque em todas as farmácias e drogarias do Brasil. Não interrompa o seu tratamento. Consulte o seu médico sobre as opções mais indicadas para a continuidade dele”.
As duas opções listadas pela drogaria são o Wegovy e o Rybelsus. O Wegovy também é produzido pela Novo Nordisk, e a base do medicamento é a mesma do Ozempic, a semaglutida, mas em doses mais altas. Ele é aprovado para tratar sobrepeso e obesidade associados a pelo menos uma comorbidade, como diabetes tipo 2 e hipertensão.
Gilvânio Rodrigues, do Sincofarma, completa que o estoque de Wegovy em algumas farmácias também não é o ideal, pois o medicamento começou a ser vendido no Brasil há pouco tempo. Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em janeiro de 2023, ele só chegou ao mercado brasileiro em julho de 2024, devido à alta demanda global.
Já o Rybelsus oferece uma variação oral da semaglutida, diferentemente dos outros dois, que são injetáveis. Ele é indicado para diabetes tipo 2 e não existem evidências de que favoreça o emagrecimento.
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No site de algumas das maiores farmácias que atuam em Minas — Araujo, Droga Raia e Pacheco —, o preço do Ozempic é similar ao do Wegovy. A versão de 1 mg é encontrada por R$ 1.063, e o preço das diferentes dosagens varia. A caixa com 30 comprimidos de 3 mg do Rybelsus é vendida por R$ 550,02.