O faturamento das pequenas e médias empresas da região Sudeste registrou uma alta de 3,7% em 2024. O dado foi calculado a partir do Índice Omie de Desempenho Econômico, que também calculou um avanço de 4,5%, em 2024, a nível nacional. Conforme o levantamento, no quarto trimestre, o indicador teve elevação de 3,3% frente ao mesmo período do ano anterior.

O crescimento do mercado foi impulsionado, principalmente, pelo bom desempenho nas regiões Sul (+8,4%) e Nordeste (+8,3%). As pequenas e médias empresas da região Centro-Oeste (+0,1%) ficaram estagnadas, e as do Norte (-10,4%) retraíram. Os dados do índice apontam performance superior ao PIB geral do país no último ano. Segundo o Boletim Focus, a média das perspectivas de mercado para o PIB de 2024 mira um resultado de 3,5%.

A performance do mercado nacional, de acordo com o economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, Felipe Beraldi, foi condicionada pela ampliação da demanda doméstica e indica perda de fôlego do segmento, especialmente nos setores de Indústria e Serviços. 

“Nos últimos anos, houve forte avanço da renda real disponível às famílias, em um contexto de expansão fiscal com programas de transferência de renda e pagamento de precatórios. Também devem ser levados em conta a sustentação do mercado de trabalho aquecido, o desemprego próximo ao reduzido patamar histórico de 6% da última década e rendimentos reais em ascensão e já mais elevados frente ao período pré-pandemia”, explica.

Comércio

O principal contribuinte para a melhora do mercado de pequenas e médias empresas em 2024 foi o comércio, segundo o levantamento, com avanço de 8,1% ante ao ano anterior. O economista lembra que as empresas desse setor engataram trajetória de recuperação a partir do segundo trimestre do ano anterior, após um 2023 bastante desafiador, refletindo o contexto de avanço do consumo no país.

Os destaques foram os segmentos de alimentos, bebidas e produtos de higiene, limpeza e conservação domiciliar. Já no varejo, os sinais de recuperação se manifestaram mais consistentes para o setor no segundo semestre de 2024, evidenciados pela manutenção de alta do Comércio ao longo dos últimos seis meses.

PMEs devem crescer em 2025

As perspectivas, com base no índice indicam crescimento de 2,4% em 2025 para as pequenas e médias empresas, após avanço médio de 6,9% ao ano no biênio 2023-24. Segundo o economista, apesar dos desafios macroeconômicos e do aumento das incertezas na economia doméstica, há elementos que devem sustentar a continuidade da evolução da economia brasileira neste ano, mesmo que com alguma desaceleração.

De modo geral, essa continuidade está apoiada em um contexto de sustentação da renda das famílias – desemprego no reduzido patamar de 6,1% e com ausência de sinais claros de reversão. Tal contexto tende, então, a favorecer alguns segmentos do mercado mais sensíveis à renda, como serviços e alguns segmentos do varejo.

Por outro lado, as elevadas expectativas de inflação no país e o aumento da taxa básica de juros pelo Banco Central nos últimos meses devem restringir o ímpeto do consumo e dos investimentos, com reflexos sobre as PMEs, sobretudo a partir do segundo trimestre deste ano. Com isso, haverá, em 2025, desafios para o desempenho de segmentos mais dependentes da evolução do crédito, como atividades industriais, comerciais e na construção civil.

O ambiente de negócios neste ano deve ser altamente suscetível a choques nos cenários nacional e internacional. “Internamente, há o endereçamento das questões fiscais (equilíbrio entre as receitas e os gastos do governo), além da aprovação da Reforma Tributária, que passa a valer a partir de 2026, mas é indicado que os empreendedores estimem os impactos das mudanças o quanto antes”, orientou Beraldi. 

“Já no âmbito externo, além do monitoramento das tensões geopolíticas pelo mundo, acompanhar a evolução política e econômica dos EUA no início do governo Trump é bastante relevante, diante dos reflexos significativos sobre a evolução da economia dos países em desenvolvimento, como o Brasil”, complementou.