O preço da gasolina aumentará pelo menos R$ 0,10 a partir deste sábado (1º/02) devido ao novo valor do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), tributo estadual. Um dia antes, nesta sexta-feira (31/01), motoristas aproveitam para abastecer com o preço atual e escapar do aumento, ao mesmo tempo em que se revoltam com o reajuste.
A alta é uma decisão do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz), que representa os governos estaduais, e não está relacionada à Petrobras ou a ordens do governo federal. Ela foi aprovada pelos governadores em novembro do ano passado. Em todos os Estados, o ICMS subirá de R$ 1,37 para cerca de R$ 1,47 por litro de gasolina.
A justificativa dos governos é que a alta responde às variações de preço de mercado. Já a perspectiva dos motoristas é outra. “Estou achando um absurdo. É desesperador que a gasolina só aumenta, e o salário, não. Fico pensando onde vamos parar. Estou pensando em vender o carro, que bebe muito (um Hyundai Tucson) e comprar um 1.0. Uso o carro principalmente para levar meus filhos na escola e estou gastando R$ 700 por mês”, diz a psicóloga Mônica Torres, 44.
No posto onde ela abastecia, na região da Pampulha, próximo à avenida Antônio Carlos, a gasolina era comercializada por R$ 5,99. O preço médio em Belo Horizonte, segundo a pesquisa mais recente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) com dados de até 25 de janeiro, é R$ 6,12.
Há postos com valor mais elevado. Em um estabelecimento na avenida Abrahão Caram, ela era vendida por R$ 6,79. De acordo com o proprietário, já houve um reajuste de R$ 0,10 nesta semana, além do que será realizado no sábado, devido à pressão do preço do etanol anidro, que é acrescentado na mistura da gasolina.
Em outro posto, na Via Expressa, ela era encontrada por R$ 5,89. O técnico de manutenção Leandro Alves da Silva, 42, abastece a motocicleta a cada três dias e se preocupa com a próxima vez em que precisar encher o tanque. “O aumento do combustível se reflete em outros preços. Quando o ICMS é bem aproveitado em saúde e educação, é válido. Mas, quando é usado em regalias, não”, diz.
Em um estabelecimento na avenida Antônio Carlos, o empresário Vanil Assunção, 65, encontrou a gasolina por R$ 6,17. “A gente fica triste, mas não tem muita opção. Não concordamos com o aumento, porque vemos a riqueza de que o país é capaz, mas esses governantes que temos...”.
Além da gasolina, o diesel também ficará mais caro. O imposto subirá R$ 0,06 e irá de R$ 1,06 para R$ 1,12 por litro. A alta do combustível pode ter um impacto indireto no bolso de todos os consumidores, pois ele é essencial no setor de transporte e interfere no valor da comida que chega aos sacolões, por exemplo.