Em janeiro deste ano, a maioria dos reajustes salariais negociados por sindicatos no Brasil ficou acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O índice é a inflação que considera apenas as famílias com um a cinco salários mínimos de renda mensal — calculado em 4,77% em janeiro. Por outro lado, em um ano, o preço cobrado pelas diaristas em Belo Horizonte e região aumentou 1,22%, o equivalente a R$ 2,21.
O valor foi levantado pelo site de pesquisa Mercado Mineiro e divulgado nesta segunda-feira (10/03). O preço médio cobrado pelo serviço passou de R$ 180,65 para R$ 182,86 entre fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025, conforme foi levantado entre 35 agências e profissionais. O valor não inclui alimentação e transporte das profissionais.
“Você está colocando uma pessoa na sua casa para prestar um serviço, então ela tem que atender requisitos muito mais importantes do que propriamente o preço, às vezes, por isso a indicação é de fundamental importância. No longo prazo, as diaristas estão perdendo cada vez mais o poder aquisitivo. Várias disseram que, quando falam em aumento, normalmente quem contrata pede até para reduzir a quantidade de vezes que elas vão”, reflete o administrador do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu. Os valores divulgados são a média, mas eles vão de R$ 170,00 a R$ 220, uma variação de 29,4%.
A presidente da Associação Tereza de Benguela, que defende os direitos das trabalhadoras domésticas, Renata Guimarães, avalia que o mercado piorou na pandemia, quando muitas famílias deixaram de contratar o serviço, e não se recuperou plenamente. “Muita gente que contratava semanalmente passou a contratar quinzenal ou mensalmente. Além de tudo isso, ainda existe a uberização, que oferece faxinas baratas, de R$ 120, R$ 130. As meninas conseguem trabalho com mais facilidade assim do que quando precisam de indicação”, alerta.
Ela faz referência às plataformas digitais de contratação de faxina, espécies de Uber do trabalho doméstico. Hoje, a associação luta pela inclusão das diaristas na Lei Complementar nº150/2015, que regulamenta o trabalho doméstico. “Como elas ficaram de fora, não tem ninguém para fiscalizar os valores, e cada um coloca seu preço, tanto quem contrata quanto quem é contratado”, lamenta.
Os serviços avaliados na pesquisa, o preço e contato de cada um estão disponíveis no site Mercado Mineiro.