A aprovação de uma nova faixa, ampliando a possibilidade de financiamento de imóveis no ‘Minha Casa, Minha Vida’ deve impulsionar investimentos na construção civil em Minas Gerais. A nova linha, aprovada pelo Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) na semana passada, mira o público da classe média, com renda de até R$ 12 mil. 

De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), a ampliação no principal programa de habitação do governo federal gera otimismo no setor. Há, segundo a entidade, oportunidades para geração de empregos e estímulo a produção de novos empreendimentos residenciais. 

A iniciativa vai possibilitar a aquisição de imóveis de até R$ 500 mil e amplia o escopo de atuação do programa. O cenário é de novas perspectivas para o mercado imobiliário, especialmente nos segmentos de médio padrão, na avaliação do presidente do Sinduscon-MG, Raphael Lafetá. 

“A readequação do Minha Casa Minha Vida e a criação da Faixa 4 trazem expectativas positivas, pois se amplia o atendimento a uma parte da população que estava desassistida dos programas habitacionais. O setor prevê um aumento da compra de imóveis, possibilitando novos lançamentos no mercado, crescimento econômico e geração de emprego e renda”, afirmou Lafetá. 

Ele ressaltou que o estímulo à produção habitacional tem impacto direto na criação de novos postos de trabalho para a Construção Civil. “Apenas em Minas Gerais, o setor emprega 351.250 pessoas com carteira assinada. Podemos ampliar esse número. Estamos desenvolvendo mais programas de atração, capacitação e valorização do trabalhador e seguimos promovendo melhorias nas condições de trabalho”, completou. 

Para a economista do sindicato, Ieda Vasconcelos, a entrada da classe média no ‘Minha Casa, Minha Vida’ vai contribuir para combater o déficit de mais de seis milhões de moradias no Brasil. Ela frisou que a ampliação do acesso à casa própria é positiva. 

“A criação da Faixa 4 é um alento e um sopro de esperança para esse público, que até então era atendido pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). No entanto, com os juros muito elevados, a poupança tende a continuar apresentando perda de recursos, o que pode significar melhor direcionamento de valores ao financiamento habitacional”, analisou.

Vasconcelos ponderou ainda que a nova configuração do programa deve impulsionar um ciclo virtuoso de desenvolvimento para o setor. “A expectativa é que esse cenário se transforme em novas oportunidades de negócio, novos tributos, investimentos e empregos, contribuindo com o crescimento do mercado. A cada R$ 1 milhão investido na construção civil, 13 novos postos de trabalho são gerados, considerando efeitos diretos, indiretos e induzidos”, contabilizou.

Ampliação

Com uma estimativa de R$ 30 bilhões em recursos destinados à nova faixa — sendo metade oriunda do FGTS e a outra metade captada por instituições financeiras habilitadas — o setor projeta uma expansão significativa da demanda e aumento da atividade construtiva já a partir do segundo semestre de 2025.

Além da criação da Faixa 4, o Conselho Curador do FGTS aprovou também reajustes nos limites de renda das demais faixas do programa. A Faixa 1 agora abrange famílias com renda de até R$ 2.850; a Faixa 2 foi ampliada para até R$ 4.700; e a Faixa 3 passa a contemplar famílias com renda de até R$ 8.600, com teto de aquisição elevado para R$ 350 mil. 

As condições de financiamento também foram ajustadas, com taxas de juros reduzidas — até 1,16 ponto percentual a menos — beneficiando mais de 100 mil famílias e incluindo cerca de 20 mil novos beneficiários em programas com subsídio do FGTS.

“Com as novas diretrizes aprovadas e a expectativa de implementação oficial das medidas até maio, a construção civil se prepara para um novo momento de expansão, apostando na força do crédito habitacional como alavanca de crescimento econômico e inclusão social”, sinalizou o Sinduscon, em nota.