Um dos líderes nacionais na produção de energia solar, Minas Gerais está novamente na rota das empresas que desejam investir no setor. Desta vez, a Omnigen Energy, subsidiária da Appian Capital Advisory, voltada para o mercado global de energia, anunciou um aporte de R$ 387 milhões no Estado para a construção de 14 parques solares. O investimento acontece em parceria com as empresas ECOM Energia Renováveis e CMU Energia.
Os acordos abrangem a entrega de 114.880 MWh por ano, suficiente para atender à demanda energética de 62.900 residências. A geração da energia será oferecida no formato de geração distribuída (GD), abastecendo o consumidor residencial. Este mercado possibilita um desconto expressivo na fatura de energia, garantindo que a energia consumida seja compensada por uma fonte de geração limpa.
De acordo com Walter Fróes, CEO da CMU Energia, a estimativa é que os parques solares sejam instalados até o fim do primeiro semestre de 2025 em diversas cidades, como Prudente de Morais, Andradas, Santa Rita de Caldas, Araxá, Igarapé, Paraopeba e Pedro Leopoldo. “Minas Gerais é um dos pioneiros no ramo da energia solar e um Estado interessante para se investir, até mesmo por conta dos benefícios tributários”, explica.
Em 15 de setembro de 2022, o governo de Minas, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, publicou o Decreto Estadual nº 48.506/2022, que prorroga, até 2032, a isenção de ICMS para energia solar fotovoltaica no seu território, benefício que terminaria em 31 de dezembro de 2022.
Fróes destaca também que cerca de 600 a 700 mil consumidores devem ser beneficiados pelo projeto. “Estimamos que os consumidores terão descontos de 12% a 20% na conta de luz. Além dos benefícios para o bolso, esse tipo de investimento também colabora para o avanço da pauta sustentável, uma vez que estimula a produção de energia limpa”, diz.
MG atrai outros investimentos
A aposta em energia solar por parte da CMU Energia segue na esteira de outros projetos em Minas ao longo dos últimos anos. Segundo a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG), Minas passou de 518,55 MW de potência instalada em energia fotovoltaica, em 2018, para 9.001,79 MW, em 2024, um crescimento de mais de 17 vezes.
Quem ajudou a expandir o setor no Estado foram as empresas A2 Empreendimentos e Solarmine, que anunciaram em 2024 o Projeto Triângulo - cuja proposta era a instalação de 11 parques solares em municípios do Triângulo Mineiro. O investimento foi de R$ 140 milhões, com expectativa de geração de 340 empregos e abastecimento para 38 mil casas.
Diretor da A2 Empreendimentos, José Afonso Queiroz estima que as instalações devem acontecer até julho de 2026. “Estamos contribuindo para a meta de carbono zero, impulsionando uma economia mais sustentável e ecologicamente responsável. Devemos anunciar novos investimentos no Estado em breve”, afirma.
Também no ano passado, a ArcelorMittal assinou um contrato com a Atlas Renewable Energy para a construção do Parque Luiz Carlos, de energia solar, em Paracatu, município do noroeste de Minas Gerais. O aporte será de R$ 895 milhões. Sua produção prevista é de 69 MW médios/ano e potência instalada de 269 MW.
Outros exemplos pelo Brasil
Fora de Minas Gerais, outras empresas também fizeram diversos investimentos no setor em 2024. A Gerdau firmou uma parceria com a gestora de investimentos Newave Capital para iniciar a construção do projeto Barro Alto em Goiás, uma usina de larga escala e de alta competitividade nacional. A estimativa é que a usina entre em operação comercial total no início de 2026.
Com 452 megawatt-pico (MWp) de capacidade instalada, o projeto terá investimento na casa dos R$ 1,3 bilhão, sendo uma parte proveniente de capital próprio e outra parte proveniente de financiamento da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), operada pelo Banco do Brasil.
Já a ArcelorMittal assinou contrato com a Casa dos Ventos para a implantação de um projeto de energia solar nos municípios de Morro do Chapéu e Várzea Nova, na Bahia. Com investimento de aproximadamente R$ 690 milhões, a planta possuirá 200 MW de potência instalada e capacidade prevista de geração anual de 44 MW médios (MWm). O parque estará em operação comercial em dezembro de 2025.
Por fim, a SPIC Brasil, subsidiária da State Power Investment Corporation of China (SPIC), e a Recurrent Energy, empresa controlada da Canadian Solar, também anunciaram um Complexo Solar Marangatu, localizado na cidade de Brasileira, no Piauí. O empreendimento tem 446 megawatt-pico (MWp) de capacidade instalada - o que daria para abastecer cerca de 550 mil residências por ano.