Golpes no ambiente virtual têm vitimado cada vez mais pessoas no Brasil. Estima-se que, pelo menos 24% da população já tenha sofrido algum tipo de golpe, segundo levantamento do Instituto DataSenado. E inúmeros casos de estelionato online utilizam o Pix como meio de pagamento. Só no ano passado, a cada minuto, foram registradas 9,8 fraudes por meio do Pix no Brasil. A reportagem de O TEMPO obteve o dado cruzando informações oficiais fornecidas pelo Banco Central e pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Segundo levantamento da Febraban, o Pix encerrou 2024 com 63,8 bilhões de transações, um crescimento de 52% em relação a 2023, sendo hoje o meio de pagamento mais usado no país. A título de comparação, transações por cartão de crédito, débito, boleto, TED, cartão pré-pago e cheques, juntas, totalizaram 50,8 bilhões no ano passado.
De acordo com o Banco Central (BC), o número de fraudes envolvendo o Pix vem se mantendo relativamente estável proporcionalmente ao volume de transações. Em 2022, foram 7 fraudes a cada 100 mil transações; em 2023, foram 6; e em 2024, foram 8. Neste ano, de janeiro a março, foram 7 fraudes a cada 100 mil transações.
Na prática, isso representa um percentual de 0,008% de fraudes em relação ao volume total de transações com Pix no ano passado. Mas, considerando o volume informado pela Febraban, isso indica que, em 2024, foram 5,1 milhões de operações fraudulentas - ou 9,8 fraudes a cada minuto. Um outro levantamento do Banco Central aponta que, também no ano passado, as fraudes por meio do Pix causaram R$ 4,9 bilhões de prejuízos - 70% a mais que em 2023.
O que diz o BC?
Conforme informado pelo BC, a instituição tem trabalhado de diversas formas para mitigar os efeitos das fraudes por meio do Pix. A segurança, pontua a instituição, é um dos pilares do Pix e está pautada em dimensões como autenticação do usuário, rastreabilidade das transações e tráfego seguro de informações.
A instituição está trabalhando, por exemplo, no aprimoramento do mecanismo de devolução, o MED 2.0. Haverá possibilidade de rastreamento e recuperação de valores de contas que recebem recursos da conta originalmente utilizada para a fraude, restringindo o uso de triangulação de valores pelos fraudadores, ou seja, o rápido envio de recursos para outras contas, após a efetivação de um golpe. A funcionalidade está em desenvolvimento, e deve ser lançada em fevereiro de 2026.
Além disso, conforme o BC, as instituições financeiras têm responsabilidade quanto à segurança de suas operações. “O regulamento do Pix prevê diversas medidas que mitigam o risco de fraudes, como, por exemplo, a previsão de que os participantes do Pix (instituições financeiras e de pagamento que ofertam o Pix a seus clientes) devem se responsabilizar por fraudes no âmbito do Pix decorrentes de falhas nos seus mecanismos de gerenciamento de riscos”, diz o BC.