Conforme esperado por parte do mercado financeiro, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu, de forma unânime, nesta quarta-feira (30), manter a taxa básica de juros em 15%. A expectativa é que a Selic se mantenha neste patamar até o fim do ano. 

"O ambiente externo está mais adverso e incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente acerca de suas políticas comercial e fiscal e de seus respectivos efeitos. Consequentemente, o comportamento e a volatilidade de diferentes classes de ativos têm sido afetados, com reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário exige particular cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica", argumentaram os nove integrantes do Copom. 

O grupo analisou ainda a inflação e o persistente aquecimento do mercado de trabalho.  O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou para 0,24% em junho e para 5,35% em 12 meses.

Após chegar a 10,5% ao ano de junho a agosto do ano passado, a taxa começou a ser elevada em setembro do ano passado, com uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto, três de 1 ponto percentual, uma de 0,5 ponto e uma de 0,25 ponto.

Também nesta quarta-feira, o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos as taxas de juros inalteradas pela quinta vez consecutiva, contrariando a opinião de dois governadores do órgão, em mais um desafio ao presidente Donald Trump, que vinha pedindo cortes.

A decisão do Copom não agradou os setores produtivos, especialmente do comércio. “Estamos no maior patamar da Selic em quase 20 anos, o que já é uma situação preocupante. Agora, mais uma vez, o tão esperado alívio monetário é adiado e fragiliza a confiança do empresário e do consumidor”, afirmou o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza e Silva. 

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) também manifestou preocupação com a taxa alta de juros. "Apesar de reconhecer a importância do combate à inflação como condição essencial para a estabilidade econômica, a Fiemg destaca que a manutenção da Selic em nível tão elevado agrava os desafios enfrentados pela indústria, especialmente diante de um ambiente fiscal incerto e do cenário internacional adverso — marcado por tensões comerciais, como o atual impasse entre Brasil e Estados Unidos em razão do tarifaço do governo americano sobre as exportações brasileiras", disse a entidade por meio de nota.

Para as próximas reuniões, a expectativa é de manutenção da taxa de 15%, de acordo com Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital. "O comitê comenta que o cenário é de maior incerteza, que precisa de uma cautela na condição de política monetária, e que se confirmado esse cenário esperado pelo comitê, ele sinaliza aqui uma continuidade nessa interrupção para as próximas reuniões. Então, a gente deve ter manutenção para a próxima, mas ele deixa claro que não hesitará caso seja necessário retomar o ciclo de ajuste de juros", explicou. 

O que é a taxa Selic?

É a taxa básica de juros do Brasil, definida por um comitê de especialistas do Banco Central. Seja no crédito para fazer um empréstimo ou tomar um financiamento no banco, até o preço de mercadorias importadas e o mercado de trabalho, a taxa Selic exerce importante influência sobre uma série de variáveis no dia a dia de todas as pessoas. É um instrumento para conter o consumo e, consequentemente, a inflação do país.