O setor de alumínio brasileiro sofrerá um prejuízo de R$ 1,15 bilhão após a oficialização do tarifaço para exportações aos EUA, confirmado por Donald Trump nesta quarta-feira (30). O cálculo é da Associação Brasileira do Alumínio (Abal). A entidade informou o valor após analisar a decisão da Casa Branca, que isentou cerca de 700 produtos da cobrança adicional.
A Abal frisou que a tarifa de 50% não será cumulativa à alíquota de 50% que estava vigente desde junho. Dentre as isenções de Trump, está a alumina, insumo essencial para a produção de alumínio primário e outras aplicações industriais. Porém, a Casa Branca manteve a cobrança sobre exportações de bauxita, hidróxido de alumínio, e cimento aluminoso.
“Apesar de a não cumulatividade representar um alívio parcial, os impactos diretos das medidas já são expressivos”, atestou a Abal. Os Estados Unidos, em 2024, foram o terceiro principal destino das exportações da indústria brasileira de alumínio, ficando atrás apenas de Canadá e Noruega, respondendo por 14,2% das vendas externas do setor. As negociações com os norte-americanos somaram US$ 773 milhões.
“Estima-se que cerca de um terço desse total esteja atualmente sujeito à sobretaxa de 50%, o que tornará inviável o acesso de vários produtos ao mercado americano. Somente no primeiro semestre de 2025, as exportações brasileiras de produtos de alumínio sujeitas à Seção 232 recuaram 28% em comparação com o mesmo período de 2024 – uma perda de US$ 46 milhões (R$ 350 milhões), já sob impacto das tarifas anteriores de 10% (vigentes até 12 de março) e de 25% (entre 12 de março e 3 de junho)”, detalhou a Associação.
Com a elevação da alíquota à 50%, os prejuízos totais ao setor poderão alcançar US$ 210 milhões (mais de R$ 1,15 bilhão), considerando os efeitos diretos já contabilizados e as estimativas para até o final do ano, de acordo com a associação. Mesmo com a exclusão da alumina das tarifas, a Abal alerta para efeitos indiretos relevantes sobre toda a cadeia de suprimentos.
Em 2024, o Brasil exportou cerca de 1,3 milhão de toneladas de alumina para os Estados Unidos, volume utilizado na produção de aproximadamente 90% do alumínio primário americano”, mostrou a entidade. Segundo a Abal, o insumo também é exportado ao Canadá, sendo responsável por 64% da transformação do alumínio primário canadense, metal que, por sua vez, abastece uma parcela significativa da demanda industrial dos EUA.
“Considerando a forte integração produtiva entre os países do Atlântico, há risco de que os efeitos das tarifas se estendam a produtos não sobretaxados, devido aos desequilíbrios gerados em etapas distintas da cadeia”, lamentou. A tarifa de 50% ainda pode gerar, segundo o setor de alumínio, uma ruptura na complementaridade regional, afetando o abastecimento, redirecionando fluxos comerciais e comprometendo a previsibilidade das operações industriais nos três países.
“Além dos impactos diretos sobre etapas específicas, a Abal chama atenção para efeitos colaterais mais amplos, que já estão se desenhando no mercado global. O escalonamento tarifário tem pressionado os preços internacionais do alumínio, gerando incertezas que podem ampliar a volatilidade macroeconômica e precipitar uma desaceleração global motivada pela instabilidade comercial — com impactos sobre produção, investimentos e consumo”, projetou.