O preço das joias no Brasil subiu 29% em 12 meses até maio, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), monitorado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta representa quase seis vezes o indicador geral de inflação no mesmo período, que foi de 5,32%. Conforme o setor, o avanço está fortemente ligado ao aumento do preço do ouro e à instabilidade no cenário internacional. 

Murilo Graciano, presidente do Sindicato das Indústrias de Joalheria, Ourivesaria, Lapidação de Pedras Preciosas e Afins dos Estados de Minas Gerais (SindiJoias-Ajomig), diz que a alta do valor de insumos, como o ouro e as pedras preciosas, impactou o custo dos acessórios. “Um dos principais fatores atuantes na precificação das joias é o metal. O ouro teve, nos últimos cinco anos, um aumento de aproximadamente 100%, refletindo diretamente no valor das joias. Além do ouro, outros insumos, como as pedras preciosas que, indexadas ao dólar, tiveram grande elevação”, afirma. 

Conforme Graciano, além da alta dos insumos, o setor enfrenta desafios econômicos e geopolíticos que afetam o mercado consumidor interno. “Existe uma interferência indireta da guerra comercial dos EUA, uma vez que, em momentos de conflitos econômicos e militares, existe uma demanda maior para os ativos mais seguros, trazendo aumento do valor do ouro, consequentemente aumentando o custo das joias”, explica.

Ecio Morais, diretor executivo do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM), reforça que a valorização do ouro é o principal fator por trás da carestia. “O ouro é quase uma reserva de valor, quase uma moeda. Em uma joia de 18 quilates, por exemplo, 75% é ouro. E o preço dela é influenciado pela variação do dólar, porque o ouro é cotado em moeda estrangeira. Só para se ter ideia, nós fizemos a maior feira de joias do Brasil em fevereiro de 2024, e o ouro estava R$ 320 o grama. Atualmente, está em torno de R$ 600.”

A disparada dos custos impactou o consumo no país. Conforme Ecio, apesar de não haver números oficiais, as vendas registraram queda de cerca de 10% nos últimos dois anos.“Mas nos últimos 60 dias, estamos percebendo uma melhora, porque o preço do ouro, que chegou a bater R$ 650 há alguns meses, recuou para R$ 580 por causa da queda do preço no exterior e da valorização do real. Então, estamos observando um refluxo no custo da matéria-prima. Mas não conseguimos ainda mensurar o impacto disso na joalheria,” finaliza.