O tarifaço de Donald Trump não deve causar fortes danos à economia brasileira e a Selic, taxa básica de juros, deve começar a cair em 2026. A visão positiva foi compartilhada pelo economista Ricardo Amorim, que palestrou nesta quinta-feira (14/8), último dia da InfraBusiness Expo, realizada no Expominas, em Belo Horizonte.
A feira reuniu maquinários destinados à construção civil, mineração, agronegócio e infraestrutura. A expectativa era que o evento gerasse mais de R$ 1 bilhão em negócios, segundo a organização.
Em fala destinada a empresários do setor produtivo, Amorim pontuou que as exportações brasileiras representam de 15% a 18% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Dentro desse número, os Estados Unidos têm uma participação de cerca de 12% nas exportações brasileiras. Em 2024, foram cerca de US$ 40,3 bilhões em exportações, segundo dados do governo brasileiro.
“Também precisamos considerar que houve uma longa lista de isenções, o que ajuda a reduzir possíveis danos, e o governo federal anunciou medidas para auxiliar os setores afetados. Sem falar na possibilidade de destinar os produtos para outros países ou vender no próprio mercado interno. Calculo que o tarifaço deva afetar apenas 0,6% no PIB do nosso país”, afirmou.
Indo além do tarifaço, Amorim também comentou os mais de 23 milhões de empregos criados nos últimos quatro anos e a desvalorização de 13% do dólar, em relação ao real, de janeiro a julho deste ano. Esse segundo fator, apontou ele, ajuda a baratear as nossas importações e contribui para a diminuição da inflação brasileira.
“Entre as economias emergentes, o Brasil também é a melhor opção para investimentos internacionais, uma vez que a China tem relações conflituosas com os EUA. Já a Rússia e a China estão passando por momentos de guerra. Todos esses devem fazer com que a Selic caia a partir do ano que vem, o que vai aumentar a disponibilidade de crédito e propiciar um bom ambiente de negócios em 2026”, disse.
Amorim falou ainda sobre um dos assuntos “quentes” do mercado de trabalho: o uso da Inteligência Artificial nas empresas. Para ele, é fundamental que os líderes e colaboradores percam o medo da ferramenta e saibam usá-la a seu favor para melhorar a performance e potencializar resultados.
“Quanto mais comandos soubermos dar, mais a IA será assertiva. Nos últimos anos, fomos nos acostumando a ser muito sintéticos, usando apenas palavras-chave para realizar buscas. É o que chamo de ‘Geração Google’. Agora, essa lógica se inverte e é preciso ter repertório e saber dar as informações adequadas à IA. Não é a tecnologia que está fazendo o trabalho todo, ela potencializa o conhecimento que temos”, ressaltou.