Com uma das menores cargas tributárias do país, o Distrito Federal lidera o ranking nacional de retorno dos impostos em qualidade de vida, ou seja, em setores como saúde e educação. No outro extremo, Estados como Maranhão, Pará e Bahia, que arrecadam mais, aparecem entre os piores colocados. Minas Gerais aparece em sétimo no ranking, perdendo uma posição em relação ao último levantamento.
É o que mostra a terceira edição do Irbes (Índice de Retorno de Bem-Estar à Sociedade), levantamento realizado pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação). O estudo avalia o desempenho dos 26 Estados e do DF com base em dados de 2022.
Criado para medir a eficiência tributária das unidades da federação, o Irbes pondera dois indicadores: carga tributária sobre o PIB (Produto Interno Bruto) estadual e IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). A ideia é mensurar quanto os governos conseguem transformar arrecadação em resultados concretos para a população, como saúde e educação.
Com carga de apenas 3,68%, o Distrito Federal atingiu o maior Irbes: 182,33 pontos. Também estão no topo do ranking São Paulo (176,29), Rio de Janeiro (176,07), Santa Catarina (172,44) e Rio Grande do Sul (172,11). Todos fazem parte das regiões Sudeste, Sul ou Centro-Oeste - as mais ricas do país.
Já entre os últimos colocados estão, em sua maioria, estados do Norte e Nordeste. O Maranhão aparece na 27ª posição, com Irbes de 162,08, apesar de ter carga tributária de 9,03% - mais do que o dobro da registrada pelo DF. Pará, Alagoas, Bahia e Paraíba completam a lista dos cinco piores desempenhos.
"As regiões Norte e Nordeste têm menor capacidade de arrecadação tributária devido a economias menos diversificadas, dependentes de atividades primárias como agricultura e extrativismo, no caso da soja e da cana, que geram menos impostos diretos em comparação com o setor industrial e de serviços do Sul e Sudeste", explica João Eloi Olenike, presidente-executivo do IBPT e um dos autores do estudo.
A eficiência no uso dos recursos arrecadados é justamente o que o índice pretende medir. Para isso, o Irbes dá peso maior ao IDH (85%) do que à carga tributária (15%), e afirma que o resultado social é mais relevante do que o volume arrecadado em si.
A nova edição também revela movimentações no ranking em relação a anos anteriores. O Amazonas, que ocupava a última posição na segunda edição do Irbes, subiu para o 22º lugar. Já o Pará despencou dez posições, indo do 16º para o 26º lugar.
Rondônia, que estava em 26º, passou para 18º. O Rio Grande do Norte também avançou, passando do 19º para o 12º lugar. Por outro lado, o Acre, que figurava na oitava posição, caiu para a 15ª.
"As causas para um menor Irbes incluem desigualdade na arrecadação, baixo IDH e infraestrutura precária, gestão pública ineficiente, demandas demográficas específicas e um histórico de subdesenvolvimento. Esses fatores, combinados com uma estrutura tributária e política que favorece o Sul e Sudeste, perpetuam a disparidade", afirma Olenike.
A pesquisa leva em conta exclusivamente os tributos arrecadados pelos estados – sem incluir repasses federais. Os dados foram obtidos junto ao IBGE, Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária) e PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), todos com ano-base 2022. O Irbes é uma somatória ponderada entre carga tributária (com peso de 15%) e IDH (com peso de 85%). Quanto maior o índice, melhor o retorno à sociedade.
A terceira edição do estudo foi realizada pelos pesquisadores João Eloi Olenike, Gilberto Luiz do Amaral e Letícia Mary Fernandes do Amaral.
VEJA A LISTA DE ESTADOS COM MELHORES E PIORES ARRECADAÇÕES
Posição atual - Estado - Irbes - Carga/PIB - IDH - Posição anterior
- Distrito Federal - 182,33 - 3,68% - 0,842 - 1º
- São Paulo - 176,29 - 7,68% - 0,825 - 2º
- Rio de Janeiro - 176,07 - 4,92% - 0,785 - 4º
- Santa Catarina - 172,44 - 8,74% - 0,794 - 3º
- Rio Grande do Sul - 172,11 - 8,43% - 0,786 - 7º
- Paraná - 171,12 - - - 5º
- Minas Gerais - 169,07 - - - 6º
- Espírito Santo - 168,58 - - - 9º
- Goiás - 167,95 - - - 14º
- Mato Grosso - 167,56 - - - 13º
- Amapá - 167,26 - - - 11º
- Rio Grande do Norte - 166,74 - - - 19º
- Tocantins - 166,19 - - - 10º
- Mato Grosso do Sul - 166,17 - - - 15º
- Acre - 166 - - - 8º
- Ceará - 165,74 - - - 12º
- Sergipe - 165,61 - - - 17º
- Rondônia - 165,3 - - - 26º
- Roraima - 164,74 - - - 18º
- Piauí - 164,18 - - - 22º
- Pernambuco - 164,03 - - - 20º
- Amazonas - 163,58 - - - 27º
- Paraíba - 163,57 - 9,87% - 0,705 - 21º
- Bahia - 163,51 - 10% - 0,706 - 23º
- Alagoas - 163,12 - 8,64% - 0,683 - 25º
- Pará - 163,02 - 10,36% - 0,705 - 16º
- Maranhão - 162,08 - 9,03% - 0,676 - 24º