O novo programa Gás do Povo, anunciado pelo governo federal, deve aumentar a demanda por gás GLP às distribuidoras em 30 milhões de cargas ao ano. A estimativa é do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás). Nesta quinta-feira (4/9), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vem a Belo Horizonte para lançar oficialmente o programa, em um evento no Aglomerado da Serra.
De acordo com o presidente do Sindigás, Sérgio Bandeira, atualmente as distribuidoras vendem 400 milhões de cargas (enchimento de botijões com GLP) anualmente. O novo programa deve aumentar a demanda em cerca de 7,5% - até 30 milhões a mais.
Conforme o presidente, o setor está otimista e preparado. “Vai trazer um benefício social muito grande para a sociedade e vai ser um volume incremental para as empresas”, diz. “O setor privado do GLP vai se comprometer a fazer investimentos em cilindros para atender a essa demanda”, afirma. Do ponto de vista logístico, as empresas também devem conseguir atender à demanda com tranquilidade. “Nós temos 20 distribuidores de GLP no Brasil e quase 60 mil pontos de venda ou revendedores. A gente já chega a 100% dos municípios nacionais, a capilaridade está bem estabelecida”, pontua.
Impacto social
Na visão do presidente do Sindigás, o novo programa Gás do Povo traz um impacto social importante em dois pontos: a transição energética e a atenção direcionada ao público mais vulnerável.
O novo programa traz mudanças significativas no atual “Auxílio Gás”, criado em 2021. Em vez de fazer o pagamento em forma de dinheiro, o cidadão receberá o produto - no caso, o gás. Para Sérgio Bandeira, esse é um passo importante para a transição energética, por se tratar de uma política de substituição energética e não de transferência de renda. Internacionalmente, a substituição de lenha por GLP é reconhecida como “clean cooking” - uso de fogões e combustíveis eficientes que emitem poucos poluentes, reduzindo o impacto na saúde e no ambiente. O GLP é considerado hoje uma alternativa limpa.
“Quando você pega a Pnad, a pesquisa nacional do IBGE, ela dá informações de que 91% dos lares declaram usar GLP e 19% declaram usar lenha. É que os mais pobres continuam usando o GLP, mas quando têm que fazer algo que consuma mais energia, eles vão catar lenha. A gente tem uma oportunidade efetivamente muito grande de atacar isso”, explica.
Bandeira também lembra que o governo anunciou investimento de R$ 5,6 bilhões nesse programa em 2026 e que, desta vez, está sendo direcionado à população mais vulnerável de fato. O presidente explica que o valor anunciado pelo governo, se fosse usado para subsidiar uma redução do preço do gás em geral, por exemplo, traria uma economia de R$ 14 por botijão. “É bom, mas não atingiria a classe vulnerável”, argumenta. Em Minas, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP), o preço do botijão de gás gira em torno de R$ 104. Pelo cálculo apresentado por Sérgio Bandeira, cairia para cerca de R$ 90 - valor que o público vulnerável também não consegue pagar.
“Na maioria dos lares, um botijão dura 2 meses. Então, quer dizer, você conseguiria baixar R$ 7 por mês nos gastos. Isso não é nada em termos de mudança de vida em uma família de classe média. Então, o investimento (do governo) continua sendo os mesmos R$ 5,6 bilhões, mas quando você focaliza nos mais pobres, você consegue dar para eles 100% da carga de gás”, sintetiza.