Aposta

Bar de vinhos no Mercado Novo tem quase metade da carta com rótulos mineiros

Gira vende taças a partir de R$ 20 e aposta em marcas de pequenos produtores

Por Shirley Pacelli
Publicado em 28 de abril de 2024 | 07:00
 
 
 
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Um bar de vinhos que oferece à clientela até o Litúrgico, da Casa Geraldo, feito para missas, de acordo com as normas canônicas. Aberto em 2019 no Mercado Novo, o Gira tem quase 50% da sua carta com rótulos mineiros. Desde o princípio, o estabelecimento dá preferência aos vinhos naturais e também prioriza os pequenos produtores. “A gente sacou que tinha demanda por produtos locais, dentro desta proposta do Mercado, por conta do turismo… E, então, a gente começou a entrar nesta seara”, explica Daniel Iglesias, sócio na casa.  

No Gira há vinhos de diferentes regiões do Estado, desde os mais clássicos, da região do Sul de Minas, até vinhos de Diamantina e da Serra do Espinhaço. “É muito do que está sendo ofertado no momento”, explica Daniel. Enquanto as vinícolas maiores sempre têm produção constante de vários rótulos, as menores engarrafam este ou aquele vinho, de acordo com a colheita. 

Daniel faz um trabalho contínuo de visitar vinícolas, estabelecer contato com pequenos produtores e degustar novos rótulos. “Na pandemia, todos os produtores foram para o Instagram e começaram a fazer as vendas pela internet. Impulsionou a presença digital [das vinícolas]”, lembra. Todos os rótulos do Gira passam pelo crivo da sommelier Erika Firmo.

“É um produto super legal de trabalhar, de qualidade, e que tem ficado mais diverso. Alguns anos atrás, a gente ia encontrar só tintos da uva syrah”, lembra Daniel. 

Os vinhos mineiros tiveram uma recepção tão boa da clientela que os sócios do Gira chegaram a cogitar deixar apenas marcas mineiras na casa. Este passo, porém, ainda não foi dado porque esbarra em algumas questões, como a restrição da diversidade de produtos, rejeição dos consumidores ao “desconhecido” e também o fato dos tíquetes dos produtos serem mais caros. “Não conseguimos ter preço competitivo. É cerca de 30% só de imposto. O imposto é tão complexo, que é inacessível. A contabilidade não consegue explicar o ICMS sobre o vinho”, explica. 

No Gira, os campeões de venda são os vinhos de entrada. “O consumidor procura preço”, explica Daniel. No calor, saem mais os rosés e brancos. Os tintos mineiros com maior procura são de vinícolas de renome, já conhecidas, como Maria Maria e Luiz Porto. No bar, o cliente encontra desde taças a R$ 20 até garrafas entre R$ 86 e R$ 250. Às terças-feiras existe ainda a ‘Girada dupla’, com duas taças por R$ 20. 

Desde dezembro de 2022, a marca conta também com o Gira Drinks, de coquetéis com vinho, também localizado no Mercado Novo. Por lá, é possível tomar bebidas como a “Mimosa Mineira”, feita com espumante mineiro brut, sucos de laranja e maracujá frescos e um toque de manjericão. Já o “Pra Lá de Sabará” homenageia a cultura mineira do cultivo da jabuticaba e é feito com o vinho da fruta, de São Gonçalo do Rio das Pedras (da Terra Guayi), espuma de jabuticaba, soda de hibisco e vodka.

Para Daniel, Minas precisa, agora, de maior investimento no enoturismo. “São Paulo já tem hotelaria e grandes restaurantes vinculados aos vinhedos. Se pegar o potencial gastronômico de Minas com a produção [de vinhos], teria um super circuito”, afirma.

De 2015, Cabernet Butiquim foi pioneiro na proposta de ser um bar de vinhos em BH

De 2015, Cabernet Butiquim foi pioneiro na proposta de ser um bar de vinhos em BH. Foto: Instagram @cabernetbutiquim/Reprodução

Cabernet Butiquim, o pioneiro

Depois de trabalhar oitos anos com revenda de vinhos, em 2015, Pablo Teixeira, de 40 anos, decidiu que era hora de ter um espaço próprio. Ele se juntou a outros sócios e criou o Cabernet Butiquim, um bar de vinhos na Savassi, em BH, sem afetação, que se propõe a descomplicar todos os rituais e lendas que envolvem a bebida. “Sentia falta em BH de um lugar para servir vinho na calçada, como tomar cerveja, sem muito preparo”, conta. 

A casa recebe, especialmente, o público feminino e, segundo Pablo, anualmente tem um crescimento de, pelo menos, 10%. 

Atualmente, o Cabernet Butiquim conta com cerca de 400 rótulos. Os mineiros, não chegam a contabilizar 10%, mas estão presentes. Entre eles, há Mar de Morros,  Bárbara Heliodora, Maria Maria e Luiz Porto. O espumante Nature, da Luiz Porto, e os syrah e sauvignon blanc da Maria Maria são os mais pedidos. As garrafas podem variar de R$ 139 a R$ 180. 

Toda a carta é selecionada por Pablo. Segundo ele, há cinco anos havia muita resistência entre os clientes em relação aos vinhos de Minas, mas hoje os rótulos já são vistos com curiosidade. “Cada vez mais as pessoas ficam sabendo da qualidade dos vinhos. Eles têm entrado em painéis de degustação e voltado com premiações, então, sempre gera essa curiosidade”, explica o empresário. Para Pablo, o vinho mineiro está evoluindo safra após safra. 

Provando que Minas tem mesmo mercado para os vinhos, abriu em fevereiro do ano passado mais um bar no segmento. O Botelha, localizado na revitalizada Galeria São Vicente, na região central em BH, convida os clientes para tomar uma tacinha com vista para a praça Raul Soares e as empenas do Cura, festival de artes urbanas. Além dos rótulos internacionais e nacionais, há marcas mineiras na carta. 

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