Apenas quatro meses após a inauguração da imensa fábrica de cerveja com 108 mil metros quadrados em Uberaba, o Grupo Petrópolis anunciou uma nova ampliação da capacidade de produção das instalações, situadas no Triângulo Mineiro. Com investimento de R$ 135 milhões para estruturar a ampliação, a meta é passar da produção atual de 8,5 milhões de hectolitros anuais para 11,4 milhões. 

O objetivo, estima a administração da empresa, é alcançar essa marca até setembro do ano que vem, mas o aumento na fabricação da bebida já se inicia nesta semana. Atualmente a fábrica possui duas linhas de produção, mas até setembro de 2021 serão cinco. Outros R$ 95 milhões serão destinados a ações de marketing. A construção da cervejaria já havia consumido a quantia de R$ 1,2 bilhão.

Como o processo de fabricação de cerveja é bastante mecanizado, a ampliação envolve a criação de apenas 30 empregos diretos, mas outros tantos serão criados nas etapas de logística e venda. Entre diretos e indiretos, a fábrica do Grupo Petrópolis é responsável por 3.700 empregos.

Demanda

A rápida ampliação é fruto de uma demanda que surpreendeu a cervejaria, explica a gerente de marketing Eliana Cassandre. “Percebemos que o mercado tinha possibilidade muito maior do que tínhamos previsto”, diz. O planejamento da empresa envolve ampliar o alcance territorial em Minas – atualmente são atendidos 650 municípios, dos 853 existentes. 

Mas, como a fábrica de Uberaba é a maior unidade do grupo no Brasil, Minas passa a ocupar papel estratégico nos planos de crescimento do Grupo Petrópolis, que se apresenta como terceiro maior do segmento, com 13,8% de participação no mercado nacional. 

A ampliação da cervejaria no Estado é fundamental para que a meta de aumentar essa fatia para 15% até o final de 2021 seja cumprida. E vale ressaltar que Minas é o segundo maior mercado consumidor de cerveja do país, com 16%, atrás apenas de São Paulo, que ocupa 24% do segmento.

O crescimento da capacidade produtiva vai atender também outros mercados, como Goiás, Estados do Sul, Distrito Federal e as regiões Norte e Nordeste de São Paulo. 

Cervejarias disputam fatia deixada pela Backer

Os bastidores do mercado cervejeiro em Minas andam movimentados desde janeiro, quando foi registrado o caso de contaminação do rótulo Belorizontina, da Backer.

Desde então, tanto grandes indústrias quanto as chamadas artesanais se articulam para ocupar a faixa de mercado deixada pela cervejaria, que ficou banida das prateleiras - estimativas dão conta de que seriam 30% do segmento artesanal.

Em outubro a Ambev já havia anunciado que seu Ateliê Wäls, na capital, passaria a funcionar exclusivamente como fábrica de cerveja, e não mais como restaurante. O motivo seria ampliar a produção da bebida. Outras marcas de menor porte também têm realizado investimentos para conquistar o público consumidor.

Por mais que o Grupo Petrópolis tenha dedicação maior a rótulos consumidos por um público mais amplo, como Crystal, Lokal e Itaipava, a cervejaria também está de olho no segmento das cervejas especiais, por isso conta com rótulos da família Petra, Black Princess e Cacildis.

Eliana lembra que o mercado brasileiro conta com mais de 27 mil rótulos de cerveja, o que demonstra o interesse do cliente. “O consumidor está curioso. Está em busca de experimentar novos estilos, busca uma cerveja para tomar num momento especial”, observa a gerente de marketing do Grupo Petrópolis.

Já sobre rótulos de cerveja sem álcool, faixa de mercado que tem sido alvo de lançamentos de outras cervejarias, Eliana diz que a fatia de participação no grupo ainda é pequena.

Investimento para manter bares funcionando

A pandemia foi outra pedra no sapato dos fabricantes de cerveja. Segundo Eliana, as metas de faturamento da empresa caíram 60% em meados da pandemia, mas aos poucos o cenário vem se recuperando. “Em novembro fechamos com 100% da meta batida”, informa ela.

A necessidade de que os pontos de venda atentem aos protocolos sanitários é outro alerta feito pela gerente, já que bares e restaurantes representam 40% do volume de cerveja consumida no Brasil.

Para viabilizar ações educativas de conscientização junto a 40 mil estabelecimentos, a empresa está investindo R$ 40 milhões nessa etapa de flexibilização do comércio, com uma programação que se estende até janeiro. “A ação envolve treinamento sobre segurança, distribuição de material e separadores de mesas”, finaliza Eliana.