Manter o tanque de combustíveis cheio diante da alta dos preços não tem sido tarefa fácil para o motorista da região metropolitana de Belo Horizonte, que faz sacrifícios que vão desde recorrer ao cartão de crédito até abrir mão do lazer para garantir o abastecimento. Pesquisa do site Mercado Mineiro, que percorreu 133 postos da Grande BH entre os dias 14 de 18 agosto, aponta que o preço médio da gasolina comum se manteve praticamente estável nos últimos 30 dias, com alta de 0,22%, mas o etanol subiu 3,97% no último mês.
O preço entre postos também varia muito, o que mostra que é preciso pesquisar muito para conseguir economizar. Para se ter uma ideia, em estabelecimentos de Belo Horizonte, a gasolina comum pode custar de R$ 4,33 a R$ 5,09 o litro, uma variação de 17,7%. A diferença do álcool é ainda maior: com variação de 18,7%, o combustível varia de R$ 2,60 a R$ 3,09 por litro, segundo o Mercado Mineiro.
Sem ter como encaixar o custo do combustível no orçamento, a funcionária pública Kátia Adriana da Silva, de 43 anos, teve de apelar para o cartão de crédito para conseguir abastecer nesta segunda-feira (19). “O preço tem oscilado bastante. Eu sou de Ibirité (na região metropolitana), e lá tem posto em que a gasolina comum é R$ 4,79, mas já cheguei a pagar R$ 4,99. Eu estou quase vendendo o carro para pagar a gasolina. O jeito é usar o cartão de crédito, eu vou para postos em que dividem a gasolina”, revelou.
O motoboy Anderson Dias de Oliveira, 47, circula em vários postos de combustíveis da região metropolitana e diz que a diferença de preço entre eles é nítida. “Rodando no dia a dia entre Belo Horizonte e Contagem, a diferença é muita: de R$ 0, 10 a R$ 0,15 por posto, isso é normal”, observou. Um motorista de caminhão, que se identificou apenas como Antonino, 40, reclamou de tantos reajustes. "Pesa muito no nosso bolso, mas a gente vai levando. Uso crédito, cartão, dinheiro. O lazer acabou, não dá para passear mais, fica muito caro", lamentou o condutor.
Já o técnico em eletrônica Gleison Oliveira Santos, 37, não sai de casa sem fazer as contas para saber onde e quanto abastecer. “Ultimamente, eu venho abastecendo com etanol justamente por achar que a gasolina está muito cara, mas em duas semanas o reajuste já foi de mais de R$ 0,15. Pesa muito no orçamento, tem que fazer conta para sair de carro”, disse o motorista, que não tira os olhos do computador de bordo do carro, a fim de saber qual combustível vale mais a pena.