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Consumidor não suporta mais o preço alto dos combustíveis

Com nove reajustes no ano, gasolina provoca efeito cascata na bolso do brasileiro, que se revolta

Por Hellem Malta
Publicado em 25 de agosto de 2021 | 05:55
 
 
 
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Minas Gerais tem a sexta gasolina mais cara do Brasil, e falta pouco para o valor cobrado pelo litro do combustí vel chegar a R$ 7. Segundo levantamento feito pela Agência Nacional do Petró leo (ANP), entre os dias 15 e 21 de agosto, o preço médio da gasolina comum no Estado é de R$ 6,18, e o máximo, R$ 6,75. Segundo a pesquisa, em pelo menos três Estados (Rio de Janeiro, Acre e Rio Grande do Sul), o combustível já passa de R$ 7 em algumas cidades.

Em Belo Horizonte, o preço também está nas alturas. Em apenas 17 dias, o valor médio do litro da gasolina comum subiu de R$ 5,91 para R$ 6,10, um reajuste de 3,07%, ou R$ 0,18, segundo pesquisa feita pelo site Mercado Mineiro.

De acordo com o economista e diretor do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, o último reajuste feito pela Petrobras – o nono de 2021 –, no dia 12 de agosto, de 3,3%, foi repassado na íntegra para o consumidor. “Foi assustador porque, normalmente, quando a Petrobras anuncia um aumento de 3% a 5%, ele vai se escalonando e não chega na totalidade às bombas. Realmente assustou bastante, e o consumidor fica desiludido, principalmente quem precisa do carro para trabalhar”, diz. No acumulado do ano, o derivado do petróleo já subiu 28% nas bombas do país.

Com os constantes reajustes do combustível, toda semana o consumidor tem uma surpresa desagradável na hora de abastecer. É o caso do motorista de aplicativo Alex Brener, 29. “Está pesando demais no bolso. É complicado trabalhar dessa forma. As contas não batem, e fica cada vez mais difícil. Se aumentar mais R$ 0,10, fica impossível trabalhar no aplicativo”, diz.

Depois dos inúmeros reajustes, a comerciante Beatriz Alfenas, 49, trocou a gasolina aditivada pelo álcool para poder trabalhar. “O preço está muito alto, fora do normal. Quando eu comprei esse carro, eu só abastecia na gasolina aditivada e, agora, troquei pelo álcool, porque não há possibilidade de manter o carro na gasolina. Hoje, gasto, em média, R$ 250 com combustível por mês. Está pesando muito no bolso. A alternativa é reduzir. Infelizmente, não tem para onde correr”, diz.

Na avaliação do economista, a retomada da economia, o preço do barril de petróleo e alta do dólar são alguns fatores que contribuem para os constantes aumentos vivenciados pelos motoristas. “Com o dólar a R$ 5,40, sem dúvida nenhuma deixa o real completamente defasado, desvalorizado, e faz com que a gente tenha pressão de preço o tempo todo”, explica Abreu.

Júlia Guimarães, 56, comerciante, está revoltada. “Os políticos mamam nas costas da gente, que paga imposto, paga para poder ter uma aposentadoria, e não recebe o valor real. É roubalheira na cara dos brasileiros, é uma vergonha o preço do combustível. Muito triste isso que a gente está vivendo”, disse. “Se a gente aumenta o preço do serviço para cobrir os gastos com a gasolina, não consegue trabalhar. Parei de encher o tanque, só coloco R$ 50 e tento economizar o máximo”, lamenta Claudio Soares, 51, operador de corte,

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