Investimento em tecnologia

Contra golpes: bancos gastaram mais de R$ 4,5 bilhões com cibersegurança em 2023

Volume de investimentos e despesas em tecnologia mais que dobrou nos últimos seis anos, ações motivadas pelos cada vez mais sofisticados golpes financeiros

Por Raíssa Pedrosa
Publicado em 09 de março de 2024 | 06:00
 
 
 
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Instituições bancárias gastaram cerca de R$ 4,51 bilhões com cibersegurança em 2023. Isso equivale a 10% de todos os custos com tecnologia. De acordo com a última edição da Pesquisa de Tecnologia Bancária da Federação Nacional de Bancos (Febraban), a estimativa de valores desembolsados era de R$ 45,1 bilhões para o ano passado. Esse número representa um crescimento de 29% em relação a 2022, o maior dos últimos seis anos - aliás, o volume de gastos nessa área mais que dobrou nesse período.

Para se ter uma ideia, em 2018, os gastos com tecnologia foram de R$ 19,8 bilhões - R$ 14 bilhões em despesas e R$ 5,8 bilhões em investimentos. Segundo a Febraban, em 2022, o orçamento foi R$ 34,9 bilhões - desses, R$ 22,8 bilhões para despesas e R$ 12,1 bilhões, investimentos. A federação ainda não divulgou os números detalhados de investimentos ou despesas de 2023, apenas a estimativa geral (R$ 45,1 bilhões).

Confira a tabela:

Gastos com tecnologia tiveram o maior crescimento dos últimos 5 anos

Golpes cada vez mais sofisticados

Toda essa preocupação com a tecnologia e a segurança tem como um dos principais motivos os golpes financeiros, que estão cada vez mais sofisticados e vitimando cada vez mais correntistas. Uma pesquisa recente realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) para o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) estima que ao menos 7,2 milhões de consumidores sofreram algum golpe financeiro entre 2022 e 2023.

Por isso, as ferramentas utilizadas pelas instituições bancárias para inibir os golpes precisam acompanhar as mudanças. Muitas instituições investem em soluções para proteger especialmente os aplicativos bancários - e evitar que eles sejam acessados com facilidade em caso de roubo do celular. Entre essas iniciativas, estão: 

Acesso com biometria

A impressão digital é a principal forma de identificação biométrica para acesso ao aplicativo, mas alguns bancos utilizam também a biometria facial, por exemplo. O mecanismo ajuda a impedir que criminosos acessem o aplicativo com facilidade.

Notificações via SMS

Os bancos avisam os clientes em caso de transações suspeitas por meio de SMS ou notificações do aplicativo, de forma que o cliente possa agir rápido, bloqueando o cartão assim que a fraude for identificada e evitando mais prejuízos.

Uso de QRCode para transações

Os QRCodes são utilizados no processo de autenticação de operações que envolvam movimentações financeiras, como pagamentos e transferências, e contratação de produtos, como empréstimos. Em alguns casos, a operação só é autorizada após a utilização de dois equipamentos habilitados pelo cliente. Dessa forma, mesmo que o criminoso tenha a senha da conta, não consegue finalizar a transação.

Número de cartão de crédito virtual

Compras on-line podem deixar os dados do cartão vulneráveis a clonagens, por exemplo. No caso do cartão virtual, para esse tipo de compra, ele tem números e códigos de segurança diferentes dos cartões físicos. A validade varia de acordo com o banco ou a operadora, podendo ser válido por uma única compra, 24 horas ou período de tempo definido pelo cliente.

Programas antivírus

Muitas quadrilhas usam vírus e programas espiões para capturar os dados de segurança digitados no computador. Para evitar que isso aconteça, existem softwares capazes de escanear as máquinas e identificar se nelas existem arquivos maliciosos. Geralmente os clientes são orientados a instalar esses programas ao tentar acessar o internet banking de um computador pela primeira vez.

Investimento em conscientização 

Além dessas ferramentas, outros investimentos das instituições financeiras estão na comunicação com o correntista e na conscientização por meio de ações de marketing e comunicados constantes. Recentemente, a Febraban investiu na campanha “Pare e Pense. Pode ser Golpe”, que disponibiliza no portal antifraudes.febraban.org.br conteúdos informativos sobre as práticas mais comuns de golpes e como reconhecê-las.

Confira lista com os 10 golpes mais comuns listados pela Febraban e saiba como se proteger

1. Golpe da falsa central de atendimento

O fraudador entra em contato com a vítima se passando por um falso funcionário do banco, informa que sua conta foi invadida, clonada ou outro problema e, a partir daí, solicita os dados pessoais e financeiros.

Como se proteger: o banco nunca liga para o cliente pedindo senha nem o número do cartão e também nunca liga para pedir para realizar uma transferência ou qualquer tipo de pagamento. Desconfie e desligue a chamada. Entre em contato com a instituição por meio dos canais oficiais e confirme a fraude.

2. Golpe do falso motoboy

O cliente recebe uma ligação do golpista, que se passa por funcionário do banco, dizendo que o cartão foi clonado e que outro cartão será enviado para a vítima. Ele solicita a senha e pede que o cartão atual seja cortado, mas que o chip não seja danificado. Em seguida, envia um falso motoboy para buscar o cartão na casa da vítima. Com o chip intacto, o golpista consegue utilizá-lo tranquilamente.

Como se proteger: os bancos nunca pedem o cartão de volta nem mandam buscá-lo. Se receber esse tipo de ligação ou visita, não entregue nada para ninguém

3. Golpe do falso leilão

Golpistas criam sites falsos de leilão, anunciando todo tipo de produto por preços bem abaixo do mercado. Depois pedem transferências, depósitos e até dinheiro via Pix para assegurar a compra. Geralmente apelam para a urgência em fechar o negócio, dizendo que você pode perder os descontos. Mas nunca entregam as mercadorias pagas.

Como se proteger: sempre pesquise sobre a empresa de leilões em sites de reclamação e confira o CNPJ do leiloeiro. Nunca faça transações financeiras em sites que não tenham o cadeado de segurança

4. Golpe da troca de cartão

Golpistas que trabalham como vendedores prestam atenção quando você digita sua senha na máquina de compra e depois trocam o cartão na hora de devolvê-lo. Com seu cartão e senha, fazem compras usando o seu dinheiro.

Como se proteger: fique sempre atento na hora das compras. Confira se é mesmo o seu nome impresso no cartão devolvido e, se possível, passe você mesmo o cartão na maquininha em vez de entregá-lo para outra pessoa.

5. Golpe do link falso

O phishing, ou pescaria digital, é uma fraude eletrônica que visa obter as senhas e dados pessoais do usuário. As formas mais comuns são mensagens em e-mails, SMS e WhatsApp que induzem o usuário a clicar em links maliciosos. Os casos mais comuns são e-mails de supostos bancos com mensagens que afirmam que a conta do cliente está irregular, ou o cartão ultrapassou o limite, atualização de token ou ainda que existe um novo software de segurança do banco que precisa ser instalado imediatamente pelo usuário.

Como se proteger: Ao acessar um site, sempre verifique na barra do navegador se o endereço da página de internet está correto. Para garantir, não clique em links: digite o endereço oficial da página que deseja acessar direto no navegador. Nunca clique em links ou anexos de e-mails de remetentes desconhecidos.

6. Golpe do delivery

Você faz um pedido por aplicativo, no momento da entrega, é apresentada uma maquininha com o visor danificado ou que não dá para ver o preço cobrado na tela. O valor inserido é bem superior ao pedido e a vítima só percebe depois de um tempo. Pode ocorrer também um formato que a compra já foi paga pelo aplicativo, mas a vítima é convencida de que ocorreu um problema e cobrada novamente.

Como se proteger: não aceite maquininhas quebradas e sempre confira o valor que aparece no visor. Peça para que o entregador digite o preço na sua frente

7. Golpe do falso boleto

O falso boleto pode ter vários dados pessoais da vítima e ser muito convincente. O boleto pode chegar como uma falsa correspondência bancária ou de uma loja, ou, ainda, em forma de mensagens de SMS, WhatsApp ou e-mail que direcionam para páginas falsas para download de uma fatura forjada. Os boletos falsos são muito parecidos com os originais.

Como se proteger: fique atento aos dados do beneficiário do boleto. Independentemente de como você vai pagar, essas informações são exibidas antes que você complete a transação. Se for diferente do emissor, não pague.

8. Golpe do falso presente

Um falso entregador vai até sua casa e diz que enviaram um presente para você. Mas para receber, você precisa pagar uma taxa. O entregador diz um valor baixo, mas passa muito mais na máquina sem você ver. 

Como se proteger: não faça nada até descobrir quem é o remetente. Entre em contato com a pessoa e confirme se ela enviou um presente e se há uma taxa de entrega. Se o entregador se recusar a dar informações, desconfie.

9. Golpe do falso empréstimo

As quadrilhas se passam por falsas instituições financeiras e fazem anúncios oferecendo crédito com condições muito atrativas na internet. Quando o interessado preenche o cadastro nesses sites, os bandidos entram em contato e enviam um suposto contrato com diversas multas para evitar desistência. E, para que o falso empréstimo seja liberado, pedem um pagamento de taxas e impostos.

Como se proteger: nas operações de crédito regulares, o cliente não precisa fazer nenhum tipo de pagamento antecipado. Desconfie ofertas de crédito com condições exageradamente vantajosas e verifique se a instituição é autorizada pelo Banco Central.

10. Acesso remoto ou mão fantasma

O fraudador entra em contato se passando por um falso funcionário do banco e informa que que há movimentações suspeitas na conta da vitima. Ele diz que para solucionar o problema é necessária a instalação de um aplicativo. Mas, se o cliente instalar o aplicativo, o criminoso terá acesso a todos os dados que estão no celular.

Como se proteger: se receber esse tipo de contato, desligue e entre em contato com a instituição por meio dos canais oficiais e de um outro telefone para saber se algo aconteceu mesmo com sua conta.

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