Pelo menos 7.500 estabelecimentos fecharam as portas definitivamente em Belo Horizonte desde o início da pandemia, segundo estimativa da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH). Desde março, 100 mil pessoas que trabalham no setor do comércio perderam a ocupação na cidade, de acordo com o levantamento da instituição divulgado nesta terça-feira (26). Em coletiva de imprensa, entidades que representam o setor voltaram a pedir a reabertura do comércio na capital, que está fechado desde o último dia 11 de janeiro.
"Dos 150 mil estabelecimentos em Belo Horizonte, estimamos que 5% estejam fechados; é um número entre 7.500 a 10 mil empresas. Isso afeta o número de trabalhadores de comércio. De 1,5 milhão de pessoas no setor, cerca de 100 mil pessoas já perderam seus empregos e vão continuar perdendo se não houver um plano para aliviar a situação das empresas", afirmou o presidente da CDL, Marcelo Souza e Silva.
Apesar do apelo, o setor descarta a intenção de judicializar um pedido de abertura, mas pede urgência nas medidas por parte da prefeitura. "O que propomos é a abertura gradual, mas imediata, uma forma mais cautelosa, reformando protocolos, observando o que estão acontecendo em várias cidades do país e no mundo", explicou Marcelo Souza e Silva. "É necessário que seja permitido, por exemplo, atendimento nas áreas externas. A nossa proposta é de que haja o fortalecimento da fiscalização orientativa e punitiva", ressaltou o empresário.
Medidas
De acordo com Marcelo Souza e Silva, as medidas adotadas hoje pela PBH, como a prorrogação do prazo para pagamento do IPTU e um estudo para reduzir a quantidade de impostos, ainda são tímidas. "Estão postergando, é um falso diálogo. É necessário a gestões conjunta com as cidades vizinhas, todos buscando ideias e soluções, o mais rápido possível", ressaltou o empresário.
Para o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Belo Horizonte (Abrasel), Matheus Daniel, o comércio não pode ser culpado pelo aumento da transmissão do coronavírus. “Não é o bar, não é o restaurante, é uma doença comportamental. A gente fez uma pesquisa, dos 60 estabelecimentos pesquisados, dos 900 funcionários, só houve 17 casos de Covid”, reforçou.
Na última semana, o prefeito Alexandre Kalil havia afirmado que a cidade só autorizaria a reabertura quando os três indicadores de monitoramento da pandemia da Covid-19 estiverem, ao menos, no nível amarelo. Nesta terça-feira (26), o boletim epidemiológico mostrou queda nos índices de ocupação de leitos nas vagas da rede pública e privada na capital. O indíce caiu de 86% para 80%. A ocupação nos leitos de enfermaria também diminuiu, de 64,1% para 62,5%.
Ainda segundo o balanço da prefeitura, o número médio de transmissão por infectado, o fator RT, está em queda pelo sétimo balanço em sequência. Com isso, o índice está em 0,97, na fase controlada da escala de risco. Até o momento, Belo Horizonte já registrou 2.203 mortos pela Covid-19. outras 85.114 pessoas já foram infectadas pela doença na capital.
Outro lado.
Em nota, a prefeitura de Belo Horizonte afirmou que o comércio só será reaberto assim que houver melhora nos indicadores epidemiológicos. "Hoje, dia 26, a taxa de transmissão continua próxima de 1, registrando 0,97. O impacto dessa dinâmica sobre as solicitações de internação é direto, mantendo o crescimento no número de casos graves que exigem algum tipo de internação, que seguem no nível vermelho (80%)", ressaltou o executivo.
Ainda segundo a nota, a medida não trata de culpar o comércio ou qualquer setor econômico pela explosão de casos, mas sim retirar o máximo de pessoas de circulação tendo em vista o aumento no número de casos na cidade.
De acordo com a PBH, entre os dias 8 e 25 de janeiro a Rede SUS-BH abriu 56 novos leitos de UTI Covid, totalizando 303 unidades, atendendo uma reivindicação das entidades comerciais. O município informou ainda que prorrogou o pagamento do IPTU/2020 e de outras taxas que tinham vencimento em 10 e 20 de maio para as empresas."Além disso, a Prefeitura também está reavaliando quase uma centena de taxas e preços públicos cobrados na capital nas áreas ambiental, de assistência social, política urbana, parques, jardins e cemitérios", pontuou.