Nem só de visitas a bares, restaurantes e shoppings vivem os animais de estimação: o mercado pet brasileiro, o segundo maior do mundo, oferece uma extensa lista de produtos e serviços aos bichos, que levam uma vida cada vez mais humanizada.
Acupuntura, festas de aniversário temáticas e alimentação natural integram o setor, que nem a crise econômica impediu de crescer. Em 2019, o faturamento deve chegar a R$ 36,2 bilhões, 5,4% a mais do que em 2018, de acordo com estimativa do Instituto Pet Brasil.
Se a previsão se confirmar, o mercado pet vai acumular 49% de crescimento em sete anos.
Segundo a diretora executiva do instituto, Martina Campos, a diversificação de produtos e serviços é uma tendência. “A população procura oferecer o que há de melhor para seus pets. O mercado deve desenvolver cada vez mais produtos que encantam os tutores e garantem saúde e bem-estar para os animais de estimação, tendo em vista empreendimentos que chamam atenção, como padarias pet e serviços de bufê para animais”, afirma.
A Vet Healing, clínica veterinária no bairro Santo Agostinho, região Centro-Sul de Belo Horizonte, oferece, além da medicina veterinária tradicional, terapias alternativas, como reiki, acupuntura e florais. Os tratamentos são indicados em diversos casos, como para redução de dor, após cirurgias e quando os animais estão passando por muitas mudanças em casa.
“Trabalhamos com as questões física, emocional e energética dos cães e gatos, lidando muito com as relações entre tutor e animal”, explica a médica veterinária Gabriela Rodrigues Monteiro, fundadora da clínica que, em dois anos, já atendeu cerca de 800 pacientes. “A demanda pelos serviços tem crescido bastante”, completa.
Na Mi+Au Care, no Gutierrez, região Oeste da capital, existe a creche canina, onde os pets são deixados para os “pais” trabalharem ou cumprirem algum compromisso.
O local ainda oferece hotel, atendimento veterinário e serviços de estética. A expectativa da casa é crescer a partir de 5% neste ano. “Todo mês temos clientes novos”, dizem as médicas veterinárias e proprietárias Roberta de Carvalho Bretas e Fabiana Maria da Mata Reis.
Vida de modelo
Com o mercado pet em alta, tem animal gerando renda para a casa e os tutores. A Pet Model Brasil conecta os bichos a produções audiovisuais publicitárias, corporativas e institucionais e já tem mais de 1.600 animais cadastrados em diversas cidades do país, inclusive Belo Horizonte. “Não tem um perfil definido, basta ser dócil”, diz a fundadora da agência, Deborah Zeigelboim. “É um mercado que não tem crise”, define.
Os bichinhos também comemoram aniversário e participam de eventos sociais. A Animalle Mundo Pet, no Gutierrez, promove caminhadas e festas de Carnaval para os animais e comercializa produtos variados para garantir a folia, como cerveja, pão de queijo e chocolate.
“Antigamente, as pessoas tinham pets em casa como guarda-costas, mas hoje os consideram como filhos. É um mercado que tende a crescer a cada ano”, diz a supervisora da empresa, Michelly Gonçalves.
Lojas de bairro atraem mais público
Os pet shops de bairros ainda mantêm domínio do mercado no país e correspondem a 79,6% do total de lojas. De acordo com dados do Instituto Pet Brasil, a cada dez empresas, oito são lojas de vizinhança, que têm faturamento médio mensal de R$ 60 mil a R$ 100 mil e possuem até quatro funcionários.
Os pet shops de médio porte estão em segundo lugar, com 18,6% das lojas do país, seguidos das grandes lojas regionais, que têm 1,3% do total, e das grandes lojas nacionais, com uma fatia de 0,5%. São mais de 31,6 mil pet shops no Brasil.
A Petz, que se encaixa na última categoria, possui 96 lojas em 11 Estados do país, sendo sete em Minas Gerais. A rede oferece desde produtos alimentícios e medicamentos a produtos de beleza e acessórios, como carrinhos de passeio, casinhas e tapetes, além de brinquedos e roupas.
A empresa espera faturar R$ 1 bilhão neste ano, um crescimento de 8% em relação ao ano passado. Em 2018, o avanço foi de 21% em comparação com o ano anterior.
Gastos médios são de R$ 422,59 por mês
Antes de adotar um bicho de estimação, é importante fazer um planejamento financeiro: os gastos médios com os animais podem chegar a R$ 422,59 por mês, de acordo com pesquisa do Instituto Pet Brasil.
O valor é estimado para cães de grande porte, que pesam acima de 26 kg. Segundo o levantamento, cães pequenos, de até 10 kg, geram um gasto médio mensal de R$ 266,18. Já os cachorros médios demandam gastos de R$ 327,51.
Os gastos com os felinos ficam em torno de R$ 196,56 mensais. As aves são os animais que demandam menos investimento: em média R$ 7,80 por mês. Pesquisa do SPC Brasil e da CNDL mostra que 14% dos consumidores chegaram a ficar com o nome sujo por causa de compras de produtos e serviços relacionados a pets.
“Defendemos não apenas a relação entre humano e animal, como também a posse responsável”, diz a diretora executiva do Instituto Pet Brasil, Martina Campos.
Mudança
Gastos com pets vão integrar a lista usada para medir a inflação oficial do país a partir de janeiro. Esse e outros 55 itens que refletem novos hábitos de consumo, como transporte por aplicativo e streaming, passam a ser considerados.