Em meio ao êxodo do Brasil, ainda na metade do ano fiscal de 2022 (que se inicia em outubro passado e vai até setembro), quase 33,2 mil brasileiros foram flagrados tentando entrar ilegalmente nos Estados Unidos, segundo levantamento do Serviço de Alfândegas e Proteção das Fronteiras do país (CBP). Nesse ritmo, o número deve bater o recorde de 2021, quando foram 58 mil flagrantes.  

O advogado especialista em imigração para os EUA Felipe Alexandre, da AG Immigration, diz que o caminho para os imigrantes ilegais é longo até a regularização da situação. “Há a lei dos dez anos, de quando as pessoas ficaram no país ilegalmente, mas estão contribuindo, formaram família, têm esposa e filhos americanos. Se forem pegas pela imigração, podem argumentar e um juiz pode dar o green card, mas isso não é fácil”.

Saída de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, a família de Natália*, 19, chegou aos EUA com um visto de turismo em março deste ano, mas com intenção de morar no país, onde têm parentes vivendo há anos.

“Já tínhamos ido e voltado antes e [os agentes da imigração] não desconfiaram tanto. As coisas no Brasil não estão boas há muito tempo, tanto econômica quanto politicamente. Você trabalha muito e só consegue o básico. Estou trabalhando em uma loja brasileira de um conhecido da minha família. No Brasil, me formei em 2020 e procurei emprego até o final de 2021, só consegui como jovem aprendiz. Hoje, o dinheiro é melhor. Quero estudar, me formar em gastronomia e abrir um restaurante aqui”, conta a jovem.  

*Natália preferiu não divulgar seu sobrenome.