Projeção

Indústria em MG cresce 10,15% em 2021, acima da nacional, prevê Fiemg

Entidade projeta crescimento do PIB mineiro acima do nacional por pelo menos três anos

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 21 de dezembro de 2021 | 15:41
 
 
 
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A indústria mineira termina 2021 com crescimento acima da indústria nacional e perspectivas ainda positivas, porém mais tímidas, para 2022, segundo análise da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). A projeção do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) industrial de Minas neste ano, de 10,15%, supera a expectativa que a entidade apresentou no final de 2020, quando apostou em um aumento de 6%. Com previsão de R$ 150 bilhões de investimentos no Estado nos próximos três anos, a entidade também projeta um crescimento da economia mineira de pelo menos três pontos percentuais acima do nacional durante o período, especialmente na indústria.

“Apenas fruto desse investimento, temos 3% de crescimento contratados na economia mineira. Se o Brasil crescer 0%, vamos crescer 3%. Se o país crescer 3%, vamos crescer 6%, se os R$ 150 bilhões forem investidos ao longo dos próximos três anos. A tendência maior é que eles sejam mais investidos no segundo e no terceiro”, detalhou o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, em coletiva de imprensa nesta terça-feira (21).  

Para 2022, mesmo com cenário positivo, a entidade estima um crescimento quatro vezes menor do PIB industrial mineiro, que deve ser de 2,5% — ainda acima do nacional, que deve chegar a 1,08%. “A indústria foi o motor de crescimento do PIB de Minas Gerais e o que motivou que esse PIB fosse maior que o do Brasil. Para o país, esperamos um crescimento PIB de 4,27% neste ano e desaceleração em 2022, devido ao aumento da taxa de juros, à nova variante e desaceleração da economia global e o menor poder de compra das famílias, associado ao aumento da inflação”, pontuou o economista da Fiemg, Isak Carlos Silva. Para Minas, a projeção de crescimento do PIB neste ano é de 5,97% e, em 2022, de 1,42%. 

Aproximando-se das eleições estaduais, Roscoe elogiou a gestão Zema e atribuiu a ela parte do crescimento da economia mineira nos últimos anos. “Boa parte desses resultados da economia são reverberação de escolhas recentes que Minas Gerais fez desde a entrada do governador Romeu Zema”, disse, citando, por exemplo, que empresas passaram a conseguir licenciamento ambiental mais rapidamente. Durante a coletiva, Roscoe também criticou o embargo da construção da fábrica da Heineken em Pedro Leopoldo e afirmou que a Fiemg estuda processar a equipe do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade​ (ICMBio) responsável pela paralisação.  

Já o professor de economia do IBMEC Paulo Casaca atribui a alta do PIB mineiro também a fatores externos. "Tivemos um ciclo de alta de commodities e Minas é um Estado com indústria extrativa bastante desenvolvida em comparação à média do país e se beneficiou disso. A indústria automotiva também estava crescendo muito no primeiro trimestre. Agora, o fim do ciclo de alta das commodities e a falta de semicondutores na indústria já têm paralisado a produção.  Olho para 2022 com grande sentimento de incerteza”, elabora. Ele lembra que a trajetória da inflação e a instabilidade política no próximo ano podem alterar a curva econômica de todo o país. 

Minério e indústria da transformação impulsionam aumento do PIB

O PIB da indústria extrativa em Minas teve o aumento mais acentuado, de 16,08%, seguido pelo aumento de 11,81% da indústria de transformação. Como já havia ocorrido em 2020, o crescimento do setor extrativo teve alta motivada pela valorização do minério de ferro. Em 2022, porém, a expectativa é que a demanda da China continue mais baixa do que no início deste ano e o PIB do setor tenha um desenvolvimento reduzido, de 6,51%, ainda assim o maior da indústria. 

Na indústria automotiva, a falta de semicondutores levou o setor a produzir 28,2% menos veículos no país do que no período anterior à pandemia, considerando dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). “Todas as previsões são de normalização disso no próximo semestre. Acredito que isso terá um impacto muito positivo na economia mineira. A Fiat, nossa principal planta de automóveis, vive um bom momento, e só não está produzindo mais porque não tem as peças para todos os veículos”, avaliou o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe. 

Por outro lado, a indústria de energia e saneamento teve uma retração de 6,03%, em meio à crise hídrica que afetou o país e o Estado ao longo do ano. Já em 2022, após o período chuvoso registrado nos últimos meses, a perspectiva é de 1,68% de crescimento. A queda mais significativa que a de -0,08 nacional em Minas deve-se, segundo à Fiemg, à concentração de usinas hidrelétricas no Estado. 

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