Alimentação mais barata em casa, especialmente pelo gás mais em conta, aliviou o custo de vida das famílias mais pobres em Belo Horizonte em 2023. Já comer fora de casa, energia elétrica e gasolina foram os grandes vilões do orçamento familiar no ano passado. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (9/1) pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG).
Segundo o documento, a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo de BH (IPCA BH), ficou em 6,80% em 2023, um aumento de 0,47 pontos percentuais (p.p) acima do índice de 2022 (6,33%). Já no caso das famílias que recebem de 1 a 5 salários mínimos, o impacto do aumento da inflação foi menor. O Índice de Preços ao Consumidor Restrito de BH (IPCR) ficou em 5,57%, 0,70 pp abaixo do índice de 2022 (6,27%).
Além do custo da alimentação na residência ter recuado devido ao gás de cozinha mais barato, em 2023 houve uma queda significativa no preço das carnes. O frango caiu - 12,45%, o músculo recuou - 13,94% e a alcatra teve queda de - 7,62%.
“Alguns fatores, como as safras grandes no início do ano passado, de grãos principalmente, como o milho, que é alimentação de animais, ajudou a segurar o preço da carne. Durante 2021 e 2022 o índice estava sendo impactado pela pandemia, quando havia dificuldade de comercialização e aumento do custo com fertilizantes por conta da guerra da Ucrânia, que foi transferido para consumidores”, explica Diogo Santos, economista do Ipead.
Em contrapartida, segundo o economista, alguns aspectos pesaram na capital mineira para o aumento do IPCA, como o reajuste de tributos como o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e o Imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA), estadual, em cerca de 40%, além do aumento de 10% na conta da Cemig. “Não tinha acontecido nos anos anteriores por causa da pandemia”, lembra Santos.
Ele observa que pesou ainda o reajuste dos planos de saúde, em quase 10%, e o preço das passagens de ônibus. “Teve uma elevação [nas passagens] de cerca de 30% e depois a queda, em junho do ano passado, que, mesmo sendo revertida, impactou no índice”, explica.
Santos destaca também que só a alimentação fora da residência subiu 11%, bem acima do índice geral e lembra que houve o fim das desonerações sobre o preço da gasolina.
O economista diz que a expectativa geral para 2024 é de uma inflação menor, mas observa que as previsões são atualizadas mês a mês. Ele afirma que, se confirmada a previsão de novos eventos significativos do clima, com chuvas intensas e temperaturas elevadas, o preço dos alimentos in natura devem ser pressionados nestes primeiros meses. “Isso gera piora na oferta e a colheita e venda de frutas e hortaliças tem um prazo muito curto”, explica Santos.