O crédito imobiliário corrigido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), lançado pela Caixa Econômica Federal nesta semana, reduz o valor das prestações, mas aumenta a entrada dos imóveis. Em simulação realizada por O TEMPO para a aquisição de um imóvel de R$ 500 mil por um comprador com renda bruta familiar mensal de R$ 6.000, a entrada sai por cerca de R$ 334 mil, e a primeira prestação, R$ 1.608, considerando a modalidade atual de financiamento, com correção pela Taxa Referencial (TR) mais 8,5%.

Já com o financiamento atualizado pelo IPCA, que começa a valer na próxima segunda-feira, a entrada sobe para R$ 337 mil e a primeira prestação cai para R$ 1.142, 28,9% mais baixa. Quanto maior a renda, menor o valor de entrada, e vice-versa.

Atualmente a Caixa cobra, além da TR, que está zerada, juros que variam de 8,5% a 9,75% ao ano nas principais linhas de crédito imobiliário. A nova modalidade terá taxa mínima de 2,95% ao ano – oferecida apenas a servidores públicos com conta-salário no banco, prestação debitada em conta e perfil de bom pagador – e máxima de 4,95% ao ano, além do IPCA, que varia.

Segundo o professor Sérgio Cano Côrtes, do MBA em gestão de negócios imobiliários da Fundação Getulio Vargas, a nova linha é interessante porque, com o IPCA atual, os juros são menores do que os praticados no mercado. Ele lembra ainda que a TR está zerada, mas pode aumentar. “É claro que (o financiamento atualizado pelo IPCA) oferece risco, porque estamos falando de longo prazo, e não tem como prever se a inflação vai se deslocar. É um indexador mais real em relação ao que acontece na economia”, diz.

Para o professor do Ibmec Glauber Silveira, uma nova linha de crédito aumenta a concorrência e as opções para o consumidor. Ele diz que essa modalidade é mais vantajosa, mas em financiamentos de até dez anos. “Se for superior, torna-se mais insegura, porque o IPCA tende a variar mais do que a TR por diversas razões, como preço do combustível e do alimento”, diz. O IPCA acumulado nos últimos 12 meses é de 3,22%. Em 2015, foi 10,67%.

Segundo Silveira, o valor da entrada aumenta à medida que a renda diminui porque, tradicionalmente, o valor da parcela não pode ser superior a um terço da renda mensal. “Se a pessoa tem renda menor, 30% dá uma parcela muito pequena, então a entrada tem que ser grande”, afirma. No caso da nova linha de crédito, a prestação só pode comprometer até 20% da renda.