Belo Horizonte

Pandemia faz inadimplência disparar

Em fevereiro, 28,1% das famílias tinham contas em atraso, em maio, o percentual subiu para 37,8%, segundo pesquisa da Fecomércio

Por Queila Ariadne
Publicado em 11 de junho de 2020 | 20:06
 
 
 
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O que já não estava bom antes da pandemia, agora está muito pior. Em fevereiro deste ano, 71,7% das famílias de Belo Horizonte estavam endividadas. Em maio, esse percentual subiu para 78,3%. E, se desse total, 9,8% não tinham condições de pagar as contas, agora essa é a realidade para 15,4% dos consumidores que têm alguma pendência financeira que não será saldada antes de 30 dias. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), feita pela Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio-MG).

Em fevereiro, 28,1% dos belo-horizontinos estavam inadimplentes, ou seja, com alguma conta em atraso. Em maio, o volume saltou para 37,8%. A cada dez pessoas que não conseguem quitar suas dívidas em dia, quatro (41,1%) estão com contas atrasadas há mais de 90 dias.

“Estamos diante de um momento atípico, no qual ainda não conseguimos mensurar todos os impactos. A elevação da inadimplência aponta a dificuldade em conseguir honrar com os compromissos financeiros, uma consequência dos efeitos da paralisação das atividades econômicas e do aumento do desemprego na capital mineira”, avalia a  economista da Fecomércio-MG, Bárbara Guimarães.

O professor de gestão e finanças da UNA, Cleyton Izidoro, destaca que 2020 tinha tudo para ser um ano bom, pois a taxa das pessoas que não conseguiam pagar suas dívidas estava em queda. “Em janeiro, ela estava em 10,5%, caiu para 9,8% em fevereiro e, a partir de março, começou a subir. É um reflexo da situação, pois, com mais empresas fechadas e menos gente trabalhando, cai o fluxo de dinheiro e, por mais que o governo tenha anunciado medidas para ajudar, elas não foram suficientes para acelerar o mercado”, avalia.

 

O estudo ouviu mil famílias e considerou como endividadas aquelas que possuem compromissos como cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimos pessoais, compra de imóvel e prestações de carro e de seguros. Entre essas dívidas, a mais comum é a do cartão, indicada por 84% dos endividados.

“As famílias usaram muito o cartão de credito para compras de casa, mas elas precisam ficar muito atentas, pois os juros são extremamente elevados, acima de 260%. Com isso, começa o descontrole e já era”, alerta Izidoro.

Pior para quem ganha menos

A pandemia obrigou empresários a fecharem as portas, reduzindo os empregos e a renda, atingindo a todos. Mas, quanto menor é a renda, maior peso do impacto. Segundo levantamento da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio-MG), entre as famílias que ganham mais de dez salários mínimos por mês, 50,5% estão com contas atrasadas. Já entre aquele que ganham menos de dez salários, esse percentual é de 34,6%.

De acordo com o professor de gestão e finanças da UNA, Cleyton Izidoro, quem ganha menos terá ainda mais dificuldades para honrar os compromissos.  “As famílias com ganhos menores atrasam mais as contas e não apresentam condição de pagá-las. Já as de maior renda, por mais que estejam endividadas, têm muito mais condições de quitar, num prazo menor”, avalia.

Segundo o estudo, enquanto 25,3% dos mais ricos dizem que não vão conseguir pagar as dívidas dentro de 30 dias, entre os mais pobres essa dificuldade atinge 43%.

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