INFLAÇÃO

Preço do leite aumenta quase 60% desde janeiro; saiba quando valor deve diminuir

Nos supermercados, algumas marcas já são comercializadas por mais de R$ 8; encarecimento também atinge derivados, como os queijos

Por Simon Nascimento
Publicado em 26 de julho de 2022 | 14:07
 
 
 
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Item indispensável no café da manhã de muitas famílias, o leite tem ficado cada vez mais fora da realidade financeira de diversos lares brasileiros. Somente neste ano, o valor para aquisição da bebida subiu 57% no Brasil, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), divulgado nesta terça-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O percentual leva em consideração o período entre janeiro e julho. Se considerado só os valores de julho, o preço teve alta de 22%, conforme o levantamento, sendo o produto com a maior alta no mês dentro da pesquisa feita pelo IBGE.

Nos supermercados, a inflação já se converte a um custo para o litro do leite que já ultrapassa R$ 8 em alguns rótulos. Dependendo do estabelecimento, o consumidor, inclusive, já não encontra o produto pagando menos de R$ 6. O aumento é fruto do combinado entre entressafra da produção de leite e redução no número de produtores.

Quando o preço do leite vai cair? 

Apesar da espera da população pela redução nos valores da bebida, que é fonte de cálcio e vitaminas, a notícia não é boa. O preço do leite deve continuar em alta, pelo menos, até setembro. Pelo menos é o que estima o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo. 

Em boletim publicado na última semana, o órgão identificou que o valor pago aos produtores no campo pelo leite cru atingiu a quinta alta consecutiva em junho e chegou a uma média de R$ 2,6801/L no Brasil. Desde janeiro deste ano, o leite no campo já teve uma valorização de quase 20%, segundo o Cepea. 

“As pesquisas ainda em andamento do Cepea apontam forte elevação dos preços em julho (referente à captação de junho): estima-se que a “Média Brasil” líquida possa subir mais de 15%, ultrapassando o patamar de R$ 3,00/L”, informa a pesquisadora do Cepea, Natália Grigol, no boletim. 

Grigol explica que o expressivo reajuste é justificado pela menor oferta de leite no campo em junho, acirrando a disputa entre as indústrias de laticínio para compra de leite cru. Como efeito da escassez da matéria prima, o consumidor final continuará pagando a conta e não só no litro de leite, que deve sofrer novos reajustes nas próximas semanas. 

“Do ponto de vista da sazonalidade, a produção só deve ser incentivada com o retorno das chuvas da primavera, em setembro. Assim, até lá, a tendência é que os preços permaneçam acima da média anual”, atesta a pesquisadora. 

Derivados acompanham aumento 

O problema também afeta os derivados do leite. Conforme o boletim do Cepea, os preços do leite longa vida e da muçarela em São Paulo fecharam a primeira quinzena de julho batendo uma alta de 24% e 19%, respectivamente. 

O litro do leite longa vida teve preço médio de R$ 6,49, enquanto o quilo do queijo foi cotado em R$ 43,69. Os dados foram obtidos pelo Cepea com apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras. O motivo para a alta nos custos também é a baixa disponibilidade de leite cru, forçando os laticínios a elevar os valores dos derivados.

“Ainda de acordo com agentes do mercado, a escassez de produtos é tão intensa que as vendas seguiram aquecidas mesmo com os preços em elevados patamares. Em alguns casos, houve até mesmo a suspensão de negociações por falta de produtos”, relata Natália Grigol. 

Na avaliação do administrador do site de pesquisas Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, a dica aos consumidores é intensificar a pesquisa de preços. Ele afirma que as variações no preço do leite integral, da mesma marca, podem ultrapassar 20% entre dois estabelecimentos. Abreu citou o exemplo de uma padaria, de Belo Horizonte, que o kg da muçarela está sendo vendido a R$ 103

“A gente tem uma tendência de aumento sim, que é pela falta do produto, do leite propriamente dito, da produção. Então realmente é muito importante a pesquisa e ter muito cuidado na hora da compra”, aconselha Abreu. 

Importações aumentam 

Em meio aos problemas observados na produção de leite no Brasil, o país aumentou em 30,2% as importações de lácteos entre maio e junho. Foram 85,26 milhões de litros equivalentes a leite vindo de outros países, conforme dados da Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais (Secex). 

Em junho, as compras externas de leite em pó registraram alta de 43% em relação a maio, chegando a aproximadamente 53 milhões de litros. O montante representa 62,1% do total das importações. O único fornecedor do produto foi o Uruguai e o preço médio subiu
4,61% frente ao mês de maio, com o quilo chegando a US$ 4,28 - o maior dos últimos 18 meses. 

Já as aquisições de queijos representaram 36% das importações, com alta de 13,4% frente ao mês anterior, somando pouco mais de 31 milhões de litros. “O aumento das importações está atrelado à menor oferta de leite no mercado interno e à forte elevação dos preços dos lácteos brasileiros, o que favoreceu a maior competitividade dos produtos internacionais frente aos brasileiros”, explica a pesquisadora. 

 

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