Benefício revogado

Remessas ao exterior pagam imposto de 25% 

Setor turístico espera que alíquota baixe para 6,38% neste mês

Por CLÁUDIA DUARTE
Publicado em 06 de janeiro de 2016 | 04:00
 
 
 
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A decisão do governo federal de não renovar a isenção de Imposto de Renda (IR) para remessas de até R$ 20 mil por mês ao exterior destinadas a despesas educacionais, de serviços turísticos e hospitalares repercutiu negativamente no mercado de turismo em Minas Gerais. A medida vai atingir, por exemplo, quem envia dinheiro para bancar os estudos de um filho no exterior. Esse benefício venceu no dia 31 de dezembro do ano passado e não foi renovado.

A isenção, que foi aprovada pela instrução normativa 1214 da Receita Federal, vigorou de 2011 a 2015. “É mais um absurdo que recai sobre os brasileiros”, desabafa o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), seção Minas Gerais, José Maurício de Miranda Gomes. Desde 1º de janeiro deste ano, qualquer remessa de dinheiro para o exterior (como pagar o hotel de um pacote de viagem fechado aqui no Brasil) já está pagando 25% de imposto.

Para operadoras e agências de viagens, havia uma isenção de até R$ 10 mil ao mês por despesa com passageiro, que também acabou em 31 de dezembro do ano passado. A renovação da isenção dependia de uma nova lei do governo federal.

“Taxação de 25%, em um setor que tem margem bruta média de 10%, vai ter que ser repassada aos clientes. Isso inviabiliza o negócio do turismo no país”, indigna-se Rafael Romeiro, diretor da FVO Travel, operadora de turismo de Belo Horizonte. A lógica é que o cliente vai preferir pagar o hotel, por exemplo, lá no seu destino, em dinheiro ou no cartão, sem ter que mandar o dinheiro daqui por meio da operadora. Segundo Romeiro, dados da Abav e da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa, na sigla em inglês) apontam que o número de postos de trabalho cortados no setor pode chegar a 184 mil diretos e 430 mil indiretos.

Acordo. Segundo Romeiro, em uma reunião no início de dezembro entre o setor turístico e os ministérios do Turismo e Fazenda, chegou-se a um acordo de que a taxação seria de 6,38%, em vez dos 25% que estão valendo. Ainda de acordo com ele, essa alíquota teria que ser instituída por medida provisória. Como isso não aconteceu, na prática está valendo a alíquota de 25%.

Mas, ainda de acordo com o diretor da FVO Travel, no dia 30 de dezembro a Braztoa enviou um comunicado às operadoras informando que foi garantido pelo Ministério do Turismo que essa medida será publicada no próximo dia 11 de janeiro. “Esses 6,38% impactariam de uma maneira menos expressiva, contando que todo pagamento feito no cartão de crédito ou débito ou saque tem incidência do mesmo percentual do Imposto de Operações Financeiras, o IOF”, acrescenta Romeiro. As negociações entre o setor turístico e o governo continuam em curso.


IR no ganho de capital em xeque



Brasília. Com dificuldades para aumentar a arrecadação, o governo Dilma Rousseff corre o risco de perder uma fonte de receita prevista no ajuste fiscal para entrar no caixa em 2016. Um dos temores é que o aporte de recursos com a medida provisória (MP) 692, que eleva o Imposto de Renda (IR) sobre ganho de capital, só possa ocorrer em 2017. Isso se deve ao fato de haver dúvidas sobre se, diante do fato de a MP não ter sido aprovada ainda no ano passado, a alíquota elevada já valeria a partir de janeiro deste ano.
 
No relatório de receitas do Orçamento de 2016, consta R$ 1,8 bilhão em arrecadação extra com a MP 692. Até a edição da nova norma, todo ganho de capital de pessoas físicas em decorrência da alienação de bens e direitos de qualquer natureza ficava sujeita a um IR de 15%. A MP escalonou em quatro alíquotas a tributação: 15% de IR sobre a parcela dos ganhos que não ultrapassar R$ 5 milhões; 17,5%, entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões; 20% entre R$ 10 milhões e R$ 30 milhões; e 22,5% no que ultrapassar R$ 30 milhões.
 
O texto, que ainda não foi votado, prevê que a lei entrará“ em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos a partir de 1º de janeiro de 2016”. Contudo, advogados que atuam no setor entendem que esse aumento pode ficar para 2017, uma vez que a lei ainda não foi sancionada.


Com folga na China, dólar volta a menos de R$ 4

SÃO PAULO. O dólar devolveu ontem parte da valorização de mais de 2% registrada na sessão anterior, quando um indicador mostrando retração da indústria da China gerou cautela com o crescimento da segunda maior economia do mundo. O dólar comercial fechou em baixa de 1,01%, para R$ 3,993 na venda. 

Lá fora, o dólar subiu sobre a maioria das moedas emergentes, com os investidores aguardando os próximos dados da China. O clima de aversão ao risco, iniciado na véspera, foi amenizado ontem pela notícia de que governo chinês injetou quase US$ 20 bilhões nos mercados através do Banco Popular da China,. A medida visou evitar que as Bolsas chinesas fossem obrigadas a fechar antecipadamente, assim como na última segunda-feira.

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