NOVA AÇÃO

Ricardo Eletro: ex-dono é denunciado por sonegação de R$ 86 milhões

Ricardo Nunes e ex-superintendente da empresa foram processados pelo Ministério Público, que ofereceu denúncia à Justiça

Por Gabriel Ronan
Publicado em 14 de junho de 2022 | 18:40
 
 
 
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O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) moveu uma ação contra o ex-proprietário da Ricardo Eletro, o hoje coach financeiro Ricardo Nunes, por sonegação fiscal. Segundo a Promotoria, ele e um antigo superintendente da empresa deixaram de recolher R$ 86,1 milhões à Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais (SEF/MG).

Segundo o MP, a dupla cobrava uma antecipação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de compradores do Rio de Janeiro, mas não repassava o dinheiro à Fazenda Pública. O valor é de 18.050.623,71 unidades fiscais de referência (Ufirs), o que corresponde a R$ 86,1 milhões atualizados pelo valor da Ufir em Minas hoje.

O superintendente exerceu a função na RN Comércio Varejista, ligada à Ricardo Eletro, de 21 de outubro de 2015 a 10 de maio de 2019. 

Já Ricardo Nunes renunciou à presidência da marca em 21 de outubro de 2015, mas, segundo o MP, "se manteve à frente da entidade até o ano de 2019, compartilhando o poder de decisão com o co-denunciado".

Os crimes aconteciam em dois endereços: um em Contagem e outro em Lagoa Santa, na Grande BH, segundo a Promotoria. Mas, como a maioria se refere à primeira cidade, a jurisdição desse município vai prevalecer. 

O crédito tributário é concedido pelo Governo do Rio de Janeiro, mas a substituição do recurso acontece em Minas Gerais, o que faz a Fazenda mineira ser a credora real, conforme o MP. 

Se a Justiça acatar o pedido do MP, Ricardo Nunes e o superintendente vão responder por 58 infrações. Cada uma delas pode gerar pena de seis meses a dois anos de prisão e multa, agravada de um terço à metade por ter ocasionado grave dano à coletividade.

Relembre a prisão

Uma das líderes do mercado de varejo no Brasil por anos, a Ricardo Eletro se afundou em uma profunda crise. O ex-proprietário da marca, Ricardo Nunes, chegou a ser preso, em 2020, acusado de sonegar pelo menos R$ 387 milhões em ICMS. 

Com o crescimento da Ricardo Eletro, o mineiro alcançou notoriedade e simpatia de personalidades como Luciano Huck, que foi garoto-propaganda da rede. Foi em 2010 que surgiram os primeiros indícios de irregularidades na biografia do mineiro. Em março, uma fusão da Ricardo Eletro com a Insinuante criou a gigante Máquina de Vendas.

Em setembro daquele ano, o auditor da Receita Einar de Albuquerque Pismel Júnior foi preso pela Polícia Federal flagrado com R$ 50 mil e US$ 4.000 em dinheiro vivo ao sair do escritório da empresa de Nunes, em São Paulo.

Segundo a Procuradoria da República, o dinheiro se tratava de propina. Em 2011, Nunes foi condenado a 3 anos e 4 meses por corrupção ativa pela Justiça Federal. A defesa recorreu, alegando inocência.

O fato não impediu que, três anos depois, Nunes, aos 44 anos, entrasse na lista dos mais ricos da revista “Forbes”, com patrimônio estipulado em R$ 1,52 bilhão.

Mas a bonança não durou muito. Em 2016, porém, a queda no valor de mercado das empresas de Nunes o retirou da lista. Em 2018, a crise levou o grupo empresarial a pedir recuperação extrajudicial, que foi homologada em 2019, mesmo ano em que Nunes deixou a empresa.

Com informações de Simon Nascimento

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