Eleições 2022

PDT de Ciro Gomes anuncia apoio a Lula no segundo turno

Após o resultado do primeiro turno, Ciro, que dizia não haver hipótese de apoiar Lula no segundo turno, deixou porta aberta para a negociação, ao pedir algumas horas para debater com seu partido


Publicado em 04 de outubro de 2022 | 12:02
 
 
 
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O PDT, do ex-candidato Ciro Gomes, anunciou, na tarde desta terça-feira (4), o apoio do partido ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da disputa eleitoral. 

O anúncio foi feito pelo presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, em entrevista coletiva realizada em Brasília, após reunião na manhã desta terça. Ciro participou do encontro, assim como outras lideranças da legenda.

"Tivemos uma hora e meia de reunião com toda a Executiva Nacional do partido, mais os presidentes estaduais, os deputados federais com mandatos, senadores e tomamos uma decisão unânime, sem um voto contrário, e eu repeti isso três vezes pra se tivesse voto contrário poder registrar em ata, está gravado, a decisão de apoiar o mais próximo da gente que é a candidatura do Lula, que eu chamo a candidatura do 12 mais 1", afirmou Lupi.

O presidente do PDT destacou que foi uma decisão unânime. Disse ainda que a condição para chancelar o apoio foi a incorporação de três propostas de Ciro Gomes ao programa de governo do petista: a adoção de uma renda mínima de R$ 1.000 por família de baixa renda, a renegociação de dívidas no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e o projeto de educação em tempo integral. Os três pontos receberam aval do PT. 

Lupi disse que um quarto ponto, ainda não foi falado com o PT, mas os dirigentes do PDT pretendem tratar sobre a criação de um Código Brasileiro de Trabalho, “com a revogação de tudo o que tenha prejudicado o trabalhador brasileiro”. 

"Nós somos um partido trabalhista. É natural que o PT também tenha essa mesma visão, porque é o Partido dos Trabalhadores e deve defender os direitos dos trabalhadores e a revogação de tudo que tem prejudicado o trabalhador brasileiro", afirmou Lupi.

Lupi diz que agora é a luta entre um democrata e um antidemocrata

Sobre as duras críticas de Ciro a Lula durante a campanha, no primeiro turno das eleições, o presidente do PDT amenizou e disse se tratar de algo relativamente normal em uma disputa por votos, sem deixar de reclamar das investidas petistas contra a candidatura do pedetista.

"É parte da democracia e também você não acha que é duro a gente assistir a tentativa de minar nossa candidatura com voto útil? Pra gente é muito duro também. E não é isso que impede a gente de estar do lado (de Lula) porque o que está em risco hoje são duas duas personalidades completamente diferentes. De um lado o Lula que é um democrata. De outro lado uma aspiradora ditador que é o Bolsonaro. (...) Mágoa só existe e só tem quem não tem capacidade de amar", ponderou Lupi.

O dirigente partidário também afirmou que pesou o comportamento do governo Bolsonaro na pandemia de Covid-19.

"Nós temos profundo respeito ao povo brasileiro. São mais de 700 mil vidas que se perderam pela omissão criminosa do atual presidente da República. Se as pessoas não querem tocar nisso, enquanto eu for vivo eu vou tocar porque eu perdi amigo, familiares com a Covid. Se as pessoas não têm memória, nós temos que lembrar isso todo dia, porque esse sofrimento não pode ficar impune."

Ciro não vai deixar o país durante a campanha

Participaram da reunião de forma presencial da reunião da cúpula do PDT André Figueiredo, o líder da bancada do partido na Câmara dos Deputados, o deputado Félix Mendonça Rodrigo Neves, candidato a governador pelo PDT ao Rio de Janeiro, além de integrantes da juventude do partido e do movimento indígena. 

Ciro Gomes, que está no Ceará, seu estado natal, marcou posição de forma virtual, assim como outros dirigentes do partido.

O candidato derrotado à Presência da República deve divulgar um vídeo, ainda nesta terça, com uma declaração de apoio a Lula.

Em resposta a perguntas de jornalistas no anúncio feito nesta tarde, Lupi garantiu que Ciro não vai deixar o país neste segundo turno, diferentemente do que fez em 2018, quando, após ficar de fora dessa fase da eleição, decidiu ir para Paris e se manter neutro na disputa entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (então no PSL).

Lula tentava o apoio do PDT já no primeiro turno

Lula já conversava com o PDT desde o primeiro turno, apesar da troca de farpas entre ele e Ciro Gomes ter dificultado as tratativas. Após o resultado do primeiro, Ciro, que dizia não haver hipótese de apoiar Lula no segundo turno, deixou uma porta aberta para a negociação, ao pedir algumas horas para discutir o segundo turno com seu partido. 

Ciro ficou em quarto lugar na eleição realizada domingo (2), com 3,04% do total (3,5 milhões de votos). Os resultados contrastam com a polarização entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro, que disputam o segundo turno.  

O petista recebeu 48,43% dos votos, representando 57.2 milhões de eleitores. Já o desempenho do atual mandatário foi de 43,20%, ou 51 milhões votos. A diferença entre os dois foi de 6,1 milhões de votos. Os números foram informados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Lula também aguarda apoio do MDB e de Simone Tebet

Além de Ciro e do PDT, Lula também busca o apoio de Simone Tebet e do MDB. Com 4,2% dos votos totais, a senadora ficou em terceiro lugar no primeiro turno. A expectativa é de que a formalização da entrada da ex-candidata e da legenda na campanha de Lula também se dê nesta terça. 

O PSDB e o Cidadania, que apoiaram Simone, também se reúnem nesta terça para discutir o assunto. O presidente do Cidadania, Roberto Freire, já avisou que defenderá que o grupo marche com Lula.

Em seu primeiro discurso após a divulgação do resultado do primeiro turno das eleições, na noite de domingo, Tebet afirmou que não irá se omitir no segundo turno. Ela disse que a palavra sobre o posicionamento do partido está com os presidentes do MDB, mas deu no máximo 48 horas para que eles decidam quem irão apoiar, pois afirmou que “irá se pronunciar, diante de sua responsabilidade e de sua vice candidata, a senadora paulistana Mara Gabrilli, com o povo”. 

“Chegamos aonde chegamos juntos e estaremos juntos no segundo turno. Roberto [Freire], acelere a decisão do Cidadania. Peço ao MDB que faça o mesmo. E ao PSDB e Podemos que façam o mesmo. Só não esperem de mim, que tenho uma trajetória de vida de luta pelo país, neste país que tanto precisa de nós, omissão. Tomem logo a decisão, porque a minha está tomada. Eu tenho lado e vou me pronunciar no momento certo. Só espero que vocês entendam que esse não é qualquer momento do Brasil”, disse ela. 

Simone Tebet ganhou visibilidade com participação na CPI da Covid

Apesar de ter passado longe de ir para o segundo turno e em nenhum momento ter alimentado expectativas concretas de se aproximar dos líderes, Tebet encerrou a campanha à Presidência da República conseguindo se projetar como uma liderança de centro ou centro-direita na política nacional.

Após ganhar notoriedade na CPI da Covid no Senado, em 2021, a emedebista lançou a candidatura em meio a uma discussão de mais de seis meses sobre quem seria o candidato da chamada “terceira via”, que no fim, também reuniu PSDB, Cidadania e Podemos. Partidos que antes estavam no processo, como o União Brasil, desistiram da composição.

Apesar de vitoriosa no processo, a Tebet encontrou forte resistência dentro do seu próprio partido, onde caciques em 11 estados no Norte e no Nordeste declararam apoio público a Lula e tentaram derrubar a convenção da legenda que oficializou o nome da senadora ao Planalto. 

Já nas regiões Sul e Centro-Oeste, parte dos quadros são simpáticos ao presidente Jair Bolsonaro, reduzindo ainda mais o número de palanques regionais com os quais Tebet pode contar.

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