CINEMA

Novo 'Planeta dos Macacos' critica mundo polarizado de hoje

Com estreia nesta quinta-feira, filme se passa 300 depois da história do filme anterior, lançado em 2017

Por Paulo Henrique Silva
Publicado em 09 de maio de 2024 | 07:40
 
 
 
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“Planeta dos Macacos: O Reinado” é um dos filmes mais violentos dos últimos anos, junto com “O Homem do Norte” (2022). Não por acaso, a produção – com estreia hoje nos cinemas – abre a temporada de blockbusters de 2024, normalmente ocupada por histórias de super-heróis.

Com o declínio do sub-gênero que fez a Marvel nadar de braçadas durante duas décadas, voltado para histórias mais familiares e fantasiosas, Hollywood parece apontar para um cenário mais sombrio e realista, que logo ganhará um segundo round com o lançamento de “Furiosa”.

A nova saga dos macacos que dominam o planeta e escravizam a humanidade não esconde a relação a ascensão da extrema-direita, a partir de um tirano que tenta unir o seu povo em torno de um projeto autocrático, criando leis próprias e incentivando o uso da violência para alcançar seus objetivos.

A hora inicial de “O Reinado”, quando acontece o ataque à vila do protagonista Noa, é assustadora. O roteiro consegue mostrar a necessidade de normas para o funcionamento de uma sociedade e, logo depois, destruir essa noção de bem coletivo quando se apropria de um antigo líder.

Como os líderes de direita que usam a religião em seus discursos de persuasão, Proximus recorre ao nome de Cesar, como se fosse uma continuidade do primata com grande inteligência que liderou a revolta contra os humanos. Cesar é o personagem central da trilogia realizada entre 2011 e 2017.

Não é preciso ver os filmes anteriores para entender a dimensão que Cesar carrega 300 anos depois, período em que se passa “O Reinado”. O importante é saber que Cesar nunca pregou o confronto, como explica Raka, um sábio solitário que é defensor do bom convívio com os humanos.

Assim como no recente “Guerra Civil”, o filme traz uma visão apocalíptica sobre esse mundo polarizado e não escolhe um lado ou outro – os humanos, realmente, não são flor que se cheire e só esperam o momento de reconquista. Já Noa encabeça a ideia de convívio entre diferentes pensamentos. 

Dois aspectos também chamam a atenção: um deles é a liderança exercida por Mae, mulher humana que faz o contrasta com um cientista mais propenso a aceitar a ideia de “guerra total” propagada por Proximus. Essa relevância feminina coincide com o ressurgimento da heroína Furiosa nos cinemas.

Impressiona também o realismo dos efeitos especiais, em que somos rapidamente convencidos das emoções e intenções dos primatas – grande parte das cenas são com eles. No quesito ação, há várias sequências primorosas feitas em grandes alturas.

E, para os saudosistas dos filmes originais produzidos na década de 1960, “O Reinado” está recheado de referências, como o retorno à “Zona Proibida”, que revela a verdadeira história da evolução. No final das contas, é bom entretenimento que nos leva a refletir sobre temas atuais.

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