Foram 96 anos de carreira, com breves pausas, em que o aplauso foi a regra e a vaia uma longínqua desconhecida. Bibi Ferreira, que morreu em 2019, com o mesmo tempo de vida e carreira, é homenageada pelo Google neste sábado (1), quando completaria mais um aniversário.
Acredite, com 24 dias de existência, ela “estreava” no teatro. Na ocasião, Bibi substituiu uma boneca desaparecida instantes antes da apresentação de “Manhãs de Sol”, de Oduvaldo Vianna. Filha de artistas – a saber, o dramaturgo Procópio Ferreira e a bailarina argentina Aída Izquierdo –, Bibi se consagrou como uma das principais damas do teatro brasileiro, com pendor para o musical.
Tudo porque, nela, as habilidades de atriz e cantora se complementavam. O principal marco dessa trajetória certamente foi a catártica encenação de “Gota d’Água”, adaptação de Chico Buarque e Paulo Pontes para o mito de Medeia, em 1975, que arrebatou o Prêmio Molière e se incrustou ao imaginário popular, graças, principalmente, à atuação de Bibi.
Mas houveram outros momentos de brilho intenso, a exemplo de “Piaf, a Vida de uma Estrela da Canção”, uma década mais tarde, em 1985, ligando o seu nome, irreversivelmente, ao da trágica e expressiva cantora francesa.
Ano após ano, Bibi acumulou prêmios, homenagens, gravou duas dezenas de discos, e, no palco, mostrava-se como a eterna garota que não perdia a sensação de prazer e liberdade proporcionada pela arte, misturando músicas do repertório clássico com cançonetas propositadamente irreverentes, brincando com a plateia, se divertindo com o público.
O trágico, o romantismo e o humor coincidiam quando Bibi tomava a ribalta. Sua última turnê foi batizada com um título que dizia tudo: “Por Toda Minha Vida”.