Em homenagem a Preta Gil, morta no domingo (20), o Conversa com Bial reexibiu nesta segunda (21) trechos de duas entrevistas da cantora ao programa. Os primeiros trechos exibidos foram de uma entrevista em agosto de 2024, quando Preta já tratava o câncer colorretal e lembrou o conselho que recebeu do pai, Gilberto Gil, quando estava na UTI, por causa de uma septicemia.
"Se estiver sendo muito difícil e se for a sua hora, aceite", disse Gil à filha.


Preta contou ao jornalista Pedro Bial que entendeu, após a fala do pai, que corria risco de morte e reagiu.
Bial lembrou, no início do programa, que familiares, amigos e fãs chamavam a cantora de "minha Preta".

 

"Cada um tinha a sua Preta", disse. "Ela se entregava inteira".
Nesta entrevista, a artista havia acabado de lançar sua biografia. "Preta Gil: os primeiros 50", cuja escrita foi iniciada em 2018 e completada após o início do tratamento contra o câncer.

Ela mencionou o fim do casamento após a descoberta da doença e de uma relação extraconjugal do então marido, que já durava seis meses. Preta aproveitou a ocasião para lembrar que muitas mulheres doentes são abandonadas pelos companheiros.

"Ele não ficava comigo no hospital. Ele me largava e aí foi surgindo gente de todos os lugares. Todo mundo querendo estar comigo", relatou. "É triste, mas é uma realidade para muitas mulheres".

Na outra entrevista, de 2017, Preta estava ao lado da madrinha, a cantora Gal Costa, morta em novembro de 2022.
"Ela sempre foi muito presente na minha vida", disse. "É uma segunda mãe. E a vida inteira foi uma inspiração para mim".
Segundo Preta, na infância, ela e Moreno Veloso, filho de Caetano Veloso, eram grudados em Gal.

"Eu a imitava. Ia para casa dela e voltava com restos de figurino, lantejoula, fazia showzinhos particulares em casa, com minha vitrolinha".

Gal lembrou da timidez de Preta na infância e as duas viram juntas imagens da festa de aniversário de dois anos da filha de Gil, que aparece no colo da madrinha. Ela recordou também o choque causado pela capa de seu primeiro disco. "Preta-à-Porter" (2023), em que apareceu nua na capa e no encarte.

Para Preta, as reações foram moralistas e gordofóbicas. "Gente, eu me amo. Eu me acho bonita", reagiu, na época.
O Conversa com Bial mostrou também imagens do show da década de 1990 em que Gal Costa canta "Brasil", de Cazuza, e mostra os seios, sob direção de Gerald Thomas.
As duas estavam no programa para divulgar o clipe-manifesto "Vá se Benzer", que gravaram juntas.


"Ela me intimou. Eu contei para o Gil e ele falou: a Preta é mandona", revelou Gal sobre o convite para a parceria. "Ela mandou um whatsapp para mim e disse: dinda, essa é a música que você vai gravar no meu disco". A canção foi uma resposta à intolerância e ao preconceito, que Preta tanto combateu.
As duas terminaram a participação no programa abraçadas e cantando "Pérola Negra", de Luiz Melodia.