A obra de Clarice Lispector atravessa gerações com uma produção intensa e multifacetada que inclui romances marcantes, como "Perto do Coração Selvagem", "A Paixão Segundo G.H." e "A Hora da Estrela." Sua escrita singular, que desafia estruturas tradicionais e mergulha nas profundezas da alma humana, também inspirou o cinema, o teatro e outras manifestações artísticas. Confira!

A obra da escritora reúne romance, contos, crônicas, literatura infantil, traduções e correspondências. Conheça os livros de romance e de contos de Clarice:

Romance

  • Perto do Coração Selvagem (1943)
  • O Lustre (1946)
  • A Cidade Sitiada (1949)
  • A Maçã no Escuro (1961)
  • A Paixão segundo G.H. (1964)
  • Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres (1969)
  • Água Viva (1973)
  • A Hora da Estrela (1977)
  • Um Sopro de Vida (1978)


Contos

  • Alguns contos (1952)
  • Laços de Família (1960)
  • A Legião Estrangeira (1964)
  • Felicidade Clandestina (1971)
  • A Imitação da Rosa (1973)
  • Onde Estivestes de Noite (1974)
  • A Via Crucis do Corpo (1974)
  • A Bela e a Fera (1979)


Clarice como inspiração

Os escritos de Clarice Lispector inspiraram a criação de outros livros, filmes, espetáculos e exposições. Conheça alguns exemplos:

CINEMA

“A Hora da Estrela” (1985)

O filme de Suzana Amaral é baseado na obra homônima de Clarice Lispector e retrata a trajetória de Macabéa (Marcélia Cartaxo), nordestina ingênua que tenta sobreviver no Rio de Janeiro. O longa marcou o cinema nacional nos anos 1980 e foi nomeado pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) como um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos. Em 2024, ganhou uma versão restaurada em 4K.

 


“O Corpo” (1991)

O longa-metragem é uma adaptação de conto homônimo de Clarice Lispector. Protagonizado por Antonio Fagundes, Marieta Severo e Claudia Jimenez, a obra de José Antônio Garcia acompanha uma mulher se relaciona com homens diferentes, em que cada um deles representa uma faceta de sua própria busca. Venceu o 24º Festival de Brasília.


“O Livro dos Prazeres” (2021)


Com direção de Marcela Lordy, o filme é uma coprodução entre Brasil e Argentina. Baseado na obra “Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres”, de Clarice Lispector, acompanha Lóri (Simone Spoladore), uma professora que tem uma rotina monótona até conhecer Ulisses (Javier Drolas), um professor argentino aventureiro. 

“A Paixão Segundo G.H.” (2023)

Inspirado no livro de mesmo nome de Clarice, o filme de Luiz Fernando Carvalho é protagonizado por Maria Fernanda Cândido e mergulha na jornada existencial de uma mulher a partir de um acontecimento banal: após o fim de uma paixão, G.H. decide arrumar o apartamento, começando pelo quarto de serviço. Pelo filme, Maria Fernanda Cândido levou o troféu de Melhor Atriz no Festival de Siena, na Itália.


TEATRO


“Prazer”, da Cia. Luna Lunera

Em cena, quatro amigos que viveram juntos deixam o Brasil e se reencontram em um país distante para enfrentar angústias sob o lema “viver apesar de”, fragmento de “Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres”. A peça propõe reflexões sobre autenticidade, amizade e buscar alegria em meio aos impasses da vida, sem adaptar literalmente os textos de Clarice.

“Simplesmente Eu, Clarice Lispector”, com Beth Goulart

Beth Goulart encarna Clarice e quatro personagens femininas que representam facetas diferentes da escritora. A montagem explora temas como amor, solidão e criação e mescla entrevistas, cartas e trechos de romances e contos como “Perto do Coração Selvagem”, “Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres”, “Amor” e “Perdoando Deus”. Com ela, Beth Goulart levou prêmios Shell e APTR de melhor atriz. 

“A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa”, com A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa

Com direção e adaptação de André Paes Leme e trilha original de Chico César, o espetáculo é um musical e traz Laila Garin como Macabéa. A montagem é inspirada na obra homônima de Clarice e explora temas como pobreza, sonhos e solidão. Em 2022, foi lançado um álbum com a trilha sonora cantada por Chico César, Laila Garin e elenco.

“Clarice Matou os Peixes”, Cia. do Abração

O espetáculo infantil acompanha Clarão, Clarito e Esclarecida, que debatem a culpa pela perda dos peixinhos, enquanto revelam suas relações afetivas com animais. Com direção de Letícia Guimarães, a montagem combina contação, sombras e manipulação de objetos. Com direção de Letícia Guimarães, a montagem combina contação, sombras e manipulação de objetos.

LITERATURA

“Clarice,”, de Benjamin Moser 

A biografia revela pontos-chave da vida de Clarice, desde sua origem pobre e trágica na Ucrânia (para onde o escritor viajou) até o reconhecimento como escritora. Com base em ampla pesquisa, Benjamin Moser conecta vida e obra da artista. A obra foi resenhada com destaque pela imprensa estrangeira, como o jornal “The New York Times” e a revista “The Economist.” Com base em ampla pesquisa, Benjamin Moser conecta vida e obra da artista. A obra foi resenhada com destaque pela imprensa estrangeira, como o jornal “The New York Times” e a revista “The Economist.”


“O Rio de Clarice: Passeio Afetivo pela Cidade”, de Teresa Monteiro

O livro é um guia literário que convida o leitor a percorrer nove bairros do Rio onde Clarice Lispector viveu e trabalhou. Com mapas, fotos e trechos de sua obra, a obra recria um Rio íntimo, revelando padarias, livrarias, praças e ruas marcadas pela presença da escritora. 


EXPOSIÇÕES

“Constelação Clarice”, com curadoria de Eucanaã Ferraz e Veronica Stigger

A exposição, que passou pelo IMS Paulista e Rio, celebra a obra de Clarice Lispector com cerca de 300 itens, como manuscritos, cartas e fotos. A mostra propõe conexões entre a escrita da autora e a produção de 26 artistas visuais mulheres atuantes entre os anos 1940 e 1970. 

“Projeto Centenários - Clarice Lispector”, do Grupo CCR  

Paredes, pilastras, catracas e até um vagão de um trem da Estação da Luz, em São Paulo, foram plotados com frases, manuscritos e imagens da escritora. A escadaria também foi transformada com lombadas das principais obras de Clarice nos degraus. Mariana Valente, neta de Clarice, foi a responsável pela criação das colagens.