Na segunda noite da 23ª edição do Festival Tudo É Jazz, em Ouro Preto, Nando Reis confirmou seu status de hitmaker e transformou a Praça Tiradentes em coral, com uma plateia de milhares cantando cada verso, do início ao fim. No show, realizado na sexta-feira (8/8), o artista apresentou um repertório que passeou por mais de três décadas de carreira, mesclando canções do tempo de Titãs, de discos autorais e de parcerias históricas, sem esquecer sucessos gravados por outros intérpretes.
Antes, abrindo a noite na praça, o Duo Sangue Latino e, depois, The Velvet Kings, prepararam o terreno para a chegada do cantor e compositor paulistano, que subiu ao palco com a energia de quem conhece o ofício de conquistar multidões. Já no início, “Marvin”, faixa lançada em 1984 no álbum Go Back, dos Titãs, inspirada no clássico “Patches” (1970), soou como um convite ao coro coletivo.
Seguiram-se momentos de pura nostalgia e celebração. Vieram, por exemplo, “All Star”, eternizada na voz de Cássia Eller e lançada originalmente no álbum Para Quando o Arco-Íris Encontrar o Pote de Ouro (2000), “Por Onde Andei”, de Drês (2009) e “Dois Rios”, parceria com Samuel Rosa e Lô Borges gravada pelo Skank em 2003, que adicionou um sabor mineiro ao setlist.
Entre baladas e rocks, houve espaço para a delicadeza de “Luz dos Olhos” (Para Quando o Arco-Íris…) e para o vigor de “Sou Dela”, já entrando na fase de encerramento da apresentação. Em seguida, um momento já reconhecido como especial pelo próprio artista: “Sebastião”, canção feita para o filho homônimo, que, atualmente integra a banda do pai.
A reta final ainda reservou “Relicário”, outra parceria com Cássia Eller, e “Do Seu Lado”, que fechou a sequência de hits após cerca de 1h40 de apresentação. Lançada originalmente por Nando no álbum Infernal (2001), a faixa ganhou projeção nacional na voz da banda mineira Jota Quest, em 2003, e foi recebida com entusiasmo extra pela plateia ouro-pretana, que neste e em vários momentos entoou um coro que permitia ao músico longos intervalos, deixando que a massa completasse os versos.
Com lotação máxima – a plateia foi limitada a 3.000 pessoas por determinação do Ministério Público –, filas se formavam antes do show. E muitos nelas permaneceram durante todo o espetáculo. Como já é tradição nos shows realizados no lugar, uma multidão se aglomerou no obelisco da praça para garantir um ângulo privilegiado do palco, montado em frente ao monumento, no lado oposto ao imponente Museu da Inconfidência.
(Crédito: Diogo Andrade // Ox Vídeos)
A festa continua
Considerado um dos dez melhores festivais de jazz do mundo pela revista jazzista norte-americana Down Beat, o Tudo É Jazz chega à 23ª edição ocupando Ouro Preto desde quinta (7/8). A programação se estende até domingo (10/8), com atrações e atividades gratuitas se espalhando por diferentes espaços da cidade. Em 2025, a curadoria do pianista Gustavo Figueiredo e a direção-geral de Rud Carvalho (New View Entretenimento) prestam homenagem a duas divas: Ella Fitzgerald e Dolores Duran.
O tributo não se limita aos palcos. A exposição “Ella & Dolores”, com direção criativa de Ronaldo Fraga e fotos de Rodrigo Januário, recria encontros imaginários entre as cantoras em cenários brasileiros, como botequins e salões de beleza. A mostra ocupa o Centro Cultural Sesiminas Ouro Preto, a poucos passos da Praça Tiradentes, durante todo o festival.
A programação inclui ainda workshops na Casa da Ópera, com temas que vão de arranjos musicais a técnicas de jazz em trio, ministrados por nomes como William Evans Trio, Gustavo Figueiredo e Rodrigo Rios. A abertura oficial, na quinta (7/8), ficou a cargo do violonista Juarez Moreira.
Neste sábado (9/8), se apresentam no evento o Trio Choro Negro, Cliver Honorato e Izzy Gordon & Big Band, cada qual contribuindo com diferentes sotaques e influências à programação.
Por fim, no domingo (10/8), há o Cortejo Radiant Jazz Band e shows de Camila Rocha e, depois, de Filó Machado. Após o encerramento, o festival sai em itinerância pelas cidades mineiras de Itabirito, Congonhas, Ouro Branco e Grão Mogol, entre agosto e setembro.