MPF

Ana Paula Valadão é investigada por declaração sobre homossexuais e Aids

Cantora gospel é investigado por discurso de ódio após dizer que relações homoafetivas não são 'normais' e associou a Aids a casais LGBT

Por Da redação/Com Agências
Publicado em 01 de dezembro de 2020 | 20:03
 
 
 
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Após dizer que Aids é uma "doença de gays", a cantora gospel Ana Paula Valadão virou alvo de um inquérito do Ministério Público Federal (MPF), que vai investigá-la por discurso de ódio. Durante um Congresso Diante do Trono, em 2016, com transmissão no Youtube, a pastora também disse disse que relações homoafetivas não são "normais". As falas voltaram à tona este ano após viralizarem na internet.

"Isso não é normal. Deus criou o homem e a mulher e é assim que nós cremos. Qualquer outra opção sexual é uma escolha do livre arbítrio do ser humano. E qualquer escolha leva a consequências. (...) A Bíblia chama de qualquer opção contrária ao que Deus determinou, de pecado. E o pecado tem uma consequência que é a morte. Está aí a Aids para mostrar que a união sexual entre dois homens causa uma enfermidade que leva à morte e contamina as mulheres, enfim...", disse a cantora na época. 

Em setembro, após ver o vídeo com a declaração da cantora, o ativista LGBTI+ Agripino Magalhães fez uma denúncia ao MP de Belo Horizonte pedindo que o órgão apurasse crime de homofobia. Em novembro, o procurador Helder Magno da Silva determinou a abertura de inquérito contra a cantora.

"Remonta à década de 1980 a narrativa da Aids como 'doença/câncer/peste gay' ou mesmo 'castigo de Deus', que se baseava na desinformação sobre o vírus e desconhecimento sobre a doença", escreveu no pedido. "Tal concepção, inclusive, foi há muito superada pelo conhecimento médico-científico."

"A situação, na forma em que foi narrada, caracteriza-se como 'discurso de ódio', restando ao Estado o dever de proteger as vítimas e responsabilizar os infratores, de maneira que essa atuação é ainda mais necessária no atual cenário brasileiro", prosseguiu.

Segundo o MPF, a "a situação, na forma em que foi narrada, caracteriza-se como 'discurso de ódio', restando ao estado o dever de proteger as vítimas e responsabilizar os infratores, de maneira que essa atuação é ainda mais necessária no atual cenário brasileiro, em que a homofobia se encontra tão presente e multiplicam-se casos de ódio e intolerância".

 

 

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