A partir deste sábado (16), o Instituto Inhotim, em Brumadinho, recebe a exposição “Histórias do Vivido – Sementes da Esperança”, que reúne obras de 73 artistas bordadeiras do município. Elas são alunas do projeto Semeando Esperança, iniciativa da Fundação Vale e dos Instituto de Promoção Cultural Antônia Diniz Dumont (ICAD), que auxilia moradores locais, amigos e familiares de vítimas do crime ambiental ocorrido com o rompimento da barragem B1, em Brumadinho, em janeiro de 2019. Composta por 16 painéis, 44 mandalas e 18 peças em formatos variados, a exposição pode ser conferida até o dia 19 de dezembro, no espaço do Centro de Educação e Cultura Burle Marx.
Os painéis, bordados coletivamente em experiências psicopedagógicas, são relatos, traduzidos em linha e agulha, sobre suas trajetórias de vida, os territórios onde habitam e os pontos que as unem. Já as mandalas, produzidas individualmente pelas artistas, traduzem memórias, sentimentos e lembranças de cada uma delas. Segundo a artista bordadeira Anna Cesária dos Santos, o processo trouxe autoconhecimento. “Poder retornar à minha infância por meio do bordado foi maravilhoso. Quero bordar para o resto da minha vida”, afirma.
O Semeando Esperança chegou à Brumadinho em 2019. O projeto utiliza a metodologia A(bordar) o Ser, desenvolvida há 30 anos pelo Grupo Matizes Dumont. “Trabalhamos com capacitação de mulheres para o bordado em todo o Brasil, com projetos socioambientais e geração de emprego e renda, utilizando o bordado como ferramenta de transformação social, pertencimento de território, valorização da cultura e fortalecimento de laços afetivos”, conta a coordenadora do projeto, Sávia Dumont.
As alunas do Semeando Esperança já bordaram mais de 520 peças e, no primeiro ano, contou com a participação de 44 mulheres. Com o início da pandemia, as aulas passaram a ser realizadas no formato virtual. Em março deste ano, foi aberta a segunda turma; em agosto, o Semeando Esperança teve seu público ampliado mais uma vez e o novo grupo foi aberto para qualquer morador de Brumadinho. Até o fim deste ano, estão previstas mais duas turmas. Com isso, a expectativa é apoiar 140 artistas bordadeiras até dezembro.
A diretora executiva da Fundação Vale, Flávia Constant, a exposição “cumpre a função da arte de contribuir para a tradução do sensível. Esperamos que, através dela, novos encontros e diálogos possam ocorrer, fortalecendo laços e aprendizados”.
“O relacionamento com a comunidade é um dos focos das ações socioeducativas do Instituto Inhotim, desdobradas por meio de iniciativas que visam o acesso ao museu junto aos moradores da cidade, atividades com escolas da região, além de diversos projetos sociais para o público de todas as idades do local”, afirma o diretor-presidente do Inhotim, Antonio Grassi.