Entre seixos e gramíneas, ele adentrou o mundo. E, logo na sequência, passou a deslizar suave e frágil pela encosta. O recém-nascido em questão é um fio de água personagem do livro infantil "Sou um Rio", de Mauricio de Sousa. Lançada pela Nova Fronteira, a obra traz ilustrações assinadas por Mauro de Souza, editor de arte da Mauricio de Sousa Produções. Aqui, os dois se aventuram por uma temática cada vez mais necessária: a poluição das águas. Não por outro motivo, o prefácio ficou a cargo de Gabriela Yamaguchi, da WWF Brasil, que assinala: "Cuidar dos rios é cuidar de nós mesmos, e juntos podemos reaprender que é possível viver de um jeito diferente".

O neonato fio de água do livro vai sendo alimentado por outras nascentes, se encorpando e virando riacho. Logo, a vida se faz presente, com peixinhos nadando céleres, além de girinos, rãs e insetos aquáticos.  Mais à frente, ele já é rio e, no seu curso, se aproxima de uma cidade. É quando o que parecia estar nos trilhos começa a descarrilhar. De cara, um cano injeta uma "sopa pestilenta, ácida". Com o oxigênio em queda, o rio começa a se dar conta da ação danosa do progresso. Da força da grana que ergue e destrói coisas belas, como diria a canção de Caetano.

E eis que a fonte de vida se transforma em ameaça. Graças à ação do homem, o rio transborda e a lama atinge (e arrasta) casas, árvores, carros. O cenário, agora, é de destruição. Belo e ao mesmo tempo contundente, o livro é uma boa oportunidade de introduzir - ou enfatizar - , a importância do respeito ao meio ambiente naqueles que, em breve, estarão também inseridos na roda que faz a sociedade girar. Já há muito o planeta vem pedindo socorro. E, citando outro compositor, Beto Guedes, é aquela velha história: "Vamos precisar de todo mundo. Um mais um é sempre mais que dois (...) Recriar o paraíso agora/ Para merecer quem vem depois".