‘Redes sociais em prosa e verso’: desembargador mineiro lança livro em BH

Um livro que mescla o jeito reservado e contemplativo dos mineiros, habituados a viver protegidos e acolhidos pelas montanhas que os cercam, com a extroversão e o humor dos paraibanos, que convivem com a linha aberta do horizonte do litoral. É assim que o desembargador Rogério Medeiros Garcia de Lima, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, descreve o ethos do livro “Redes sociais em prosa e verso”, seu primeiro título, que sai pela editora Del Rey, que será lançado em duas cerimônias distintas. A primeira ocorre em Belo Horizonte, no dia 22 de fevereiro, quinta-feira, a partir das 18h, no parque esportivo da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis). Posteriormente, a publicação será apresentada em São João del-Rei, no dia 1º de março, sexta-feira, às 19h, no Teatro Municipal da cidade histórica localizada na região do Campo das Vertentes.

“Eu defino o livro assim não só pelo fato de eu trazer nele histórias e anedotas que vieram ora do lugar onde nasci – o Estado de Minas Gerais e a cidade de São João del-Rei –, ora da terra natal da minha mãe e dos meus avós maternos – a Paraíba como um todo e, mais especificamente, as cidades de João Pessoa, capital, e Santa Luzia, no sertão paraibano”, pontua o autor. “Na verdade, o fato de vir dessa mistura me empresta um jeito de ler o mundo único. E isso está no livro”, assinala, lembrando já ter ouvido do ex-presidente da República Tancredo Neves, com quem trabalhou como assessor jurídico quando o político ocupava o cargo de governador, que aquela combinação dava até revolução.

E é, portanto, da perspectiva de um mineiro com sangue paraibano, que tem em Tancredo Neves uma espécie de “avô afetivo” e uma referência de ética, cultural e cívica, que Lima apresenta na publicação um mosaico de textos – todos eles extraídos de suas redes sociais – que tratam dos mais diversos temas, como literatura, cinema, filosofia, cultura, história, religião e direito. 

“Eu uso rede social – o Facebook e o Instagram, ambos pertencentes à Meta – desde 2014. Ao longo desses 10 anos, eu venho fazendo postagens quase diárias. Nelas, às vezes, falo sobre temas ligados à minha profissão, mas, sobretudo, faço uma ‘pequena literatura’ – acho que podemos chamar assim. Nesses posts, teço comentários sobre algum filme que vi, algum livro que li, sobre minha terra natal ou o lugar de onde veio minha família materna”, descreve, ponderando que, para o livro, reuniu as publicações – apresentadas não por temas, mas, sim, em ordem cronológica – feitas anteriormente à pandemia de Covid-19.

A escolha desse marco temporal, aliás, é curiosa, uma vez que o surgimento da ideia de fazer uma obra a partir daquele conjunto de fragmentos literários veio justamente no momento de reclusão imposto pela emergência sanitária. “Foi nesse período que me peguei pensando que as redes sociais deveriam ser um espaço para a construção do diálogo, da amizade, para falar com os outros sobre cultura, sobre fraternidade”, lembra. Um pensamento que, já naquela altura, vinha na contramão do uso que, predominantemente, se fazia dessas mídias. 

“No mundo inteiro, o clima que tomou conta do ambiente virtual já não era bom. No Brasil, a partir de 2018, após as eleições nacionais, esse fenômeno se acentuou e passamos a conviver com uma proliferação de muito ódio e extremismos de posições, um posicionamento radical que passou a envolver qualquer assunto – política, religião, esporte, sexualidade, etc. –, o que acho muito nocivo”, avalia ele, que, na obra, busca discutir essa questão a partir de um olhar abrangente, refletindo sobre como, seja para o bem ou para o mal, para a edificação ou para a destruição, a linguagem é um instrumento poderoso.

“O interessante é que, antes da coletânea, escrevi uma introdução em que faço uma reflexão sobre minha formação desde a infância, do lugar de onde venho, do meu gosto pela história e leitura, da minha formação profissional, das coisas que vi e vivi, como o desenvolvimento tecnológico – eu presenciei desde o surgimento da TV a cores, por exemplo, até a chegada dos smartphones e da internet. E o que há de unidade em tudo isso é a importância da linguagem, que existe a milhares de anos e que, citando o escritor israelense Yuval Harari, autor do best-seller ‘Sapiens: Uma breve história da humanidade’, foi fundamental para que nós, os seres humanos, pudéssemos sobreviver e nos desenvolver”, assinala.

SERVIÇO: 
O quê. Lançamento do livro “Redes sociais em prosa e verso”, do desembargador Rogério Medeiros Garcia de Lima
Quando. Dia 22 de fevereiro, a partir das 18h
Onde. Parque esportivo da Associação dos Magistrados Mineiros - Amagis (rua Albita, 194, Cruzeiro)
Quanto. Entrada gratuita