Os jovens de hoje em dia são os mesmos de outrora. “Gostam de cantar, se divertir, rir, e a marchinha tem todas essas características”, afirma Marcos Frederico. “A marchinha é antiga porque os jovens de antigamente também compunham, ela sempre se renova. Ficou um pouco sumida, mas, quando a turma a redescobriu, sentiu o prazer de criar coisas novas”, complementa.

Ele aponta a provocação do comunicador Tutti Maravilha no microfone da Rádio Inconfidência, em 2011, como cerne desse novo ciclo de efervescência. Ao solicitar marchinhas para o Carnaval de BH, recebeu como resposta uma enxurrada que desaguou no Concurso de Marchinhas Mestre Jonas. Frederico pondera que a contemporaneidade trouxe modificações às músicas, no rastro dos próprios avanços da sociedade civil, em direção à igualdade e à diversidade.

“O humor é muito importante na vida de todo mundo, mas existem coisas que não têm graça e, antigamente, não havia essa consciência”. Ele informa que, ao compor, cada palavra é debatida com os parceiros, num exercício de atenção contínua. O músico começou a se relacionar com o Carnaval na virada do milênio, acompanhando bandinhas de rua e cortejos no Rio de Janeiro.

Da pelada ao reconhecimento pela CBF 

Outra memória é ligada aos jogos de futebol e à histórica charanga do Clube Atlético Mineiro, seu clube do coração, para quem, no ano passado, compôs a “Marchinha do Tri”, repercutindo o reconhecimento pela CBF do título nacional de 1937. “Nunca pensei que poderia virar um compositor de marchinhas, a vida me levou a isso”, diz ele, conhecido pela habilidade no bandolim em álbuns onde explora gêneros diversos, como samba, choro, frevo, marcha, salsa, e etc.

Atraído pela música brasileira de maneira geral, em 2010 ele recebeu uma encomenda inusitada: criar o hino do Tapetinense Futebol Clube, time de pelada que integrava. Frederico não se fez de rogado e inaugurou, oficialmente, sua trajetória nesse mundo fantástico. “Os hinos de futebol são marchas”, ratifica. Que o diga Lamartine Babo, nascido há 120 anos e autor de todos os hinos dos clubes cariocas, além de assinar as consagradas, e incorretíssimas, “O Teu Cabelo Não Nega”, “Linda Morena” e “Grau Dez”, entre milhares de outras.

O compositor e parceiro de longa data, Vitor Velloso não deixa de notar o aspecto subversivo tanto das marchinhas quanto do Carnaval, proibidas e, inclusive, censuradas num primeiro momento e, novamente, conecta o passado ao presente. “Esse renascimento do Carnaval de BH tem caráter político, aqui havia muita resistência, até da população”.