Qual a mensagem do subtítulo do livro? Uma pessoa em um milhão de habitantes do planeta tem a chance de vestir a camisa de seu país. Eu vesti a do juniores, do sub-20, da seleção brasileira e, atualmente, a da seleção brasileira de futebol de masters, passando por todas as categorias. Fui um dos grandes nomes do São Paulo Futebol Clube nos anos 1980 e, durante a Copa de 1990, herdei a camisa 10 da seleção brasileira que pertenceu a Zico. Estou atravessando minha existência servindo o Brasil. 

Sua infância foi difícil, você vendeu plantas e queijo pelas ruas, foi office boy, tinha bronquite, respiração curta e sensação de peso no peito. Como foi essa fase? Além da visível magreza, eu perdia o fôlego com facilidade e, quando jogava futebol, precisava ficar 15 minutos descansando. A empresa em que trabalhava resolveu pagar meu tratamento. Além dos desafios com a saúde, minha garra e vontade de ser um jogador empenhado nos treinos e jogos encontrou outra barreira: domingo era dia de igreja, e, para o meu pai, isso era inegociável. 

A fé em Cristo foi determinante para ajudá-lo a superar as adversidades do mundo do futebol? Com certeza. Essa fé inabalável sempre me ajudou desde o começo da carreira até quando fui aprovado no São Paulo Futebol Clube e também na minha caminhada pessoal, com muitas perdas. Perdi minha mãe quando tinha 5 anos, o meu pai, aos 20 anos, tive uma bronquite séria. Tudo isso trouxe muitas dificuldades para minha carreira. Minha fé me fortaleceu. Nunca esqueci um conselho do meu pai: “A última palavra na sua vida deve ser sempre Deus”. Isso, para mim, sempre foi um norte. 

O senhor sofreu preconceito ou mesmo bullying dos colegas de futebol por professar uma religião? Nunca, talvez pela minha convicção e seriedade da fé. Minha fé era muito mais vivida do que falada, e isso se refletia no meu comportamento, nas palavras, na forma de encarar os treinos e os jogos, sempre acreditando o tempo todo. Eu entendia que, independentemente do resultado, tinha que deixar o meu melhor em campo. Talvez por isso, até hoje não tenha sofrido preconceito em minha carreira. 

 A que o senhor atribui seu sucesso profissional? Tudo isso foi possível porque mantive a convicção nos valores que aprendi. Enquanto o Senhor me encorajava a ser um atleta confiante durante as partidas, também me lembrava de ter sempre um espírito humilde. Assim, eu enxergava a fama com o pé no chão, e os obstáculos, com uma visão do alto, o que me garantia equilíbrio. Atualmente, tenho visitado diversas igrejas e empresas como palestrante para contar minha história, e eu jamais imaginaria que centenas de pessoas estariam interessadas em ouvir o que tenho a dizer. 

 Como tem sua experiência junto ao Atletas de Cristo? Como membro, me transformei em um jogador missionário e garanti à minha carreira uma tarefa muito maior do que eu poderia imaginar, mas nem sempre foi fácil, porque ser cristão é como estar constantemente nadando contra a correnteza de um rio. Infelizmente, muitos jogadores que faziam parte do Atletas de Cristo deixaram uma imagem negativa para o movimento e feriram sua credibilidade. Por condutas assim, muitos começaram a recusar seus membros. Essa triste realidade me fez compreender o quão importante era que eu me esforçasse para ser um reflexo de Cristo. Se carrego comigo o nome de Deus, devo honrá-lo em tudo que eu fizer e sei que o esporte precisa de homens e mulheres que pensem da mesma maneira. 

Como atleta, o senhor influenciou as pessoas? Poucos eventos são capazes de chamar a atenção de milhares de pessoas e uni-las em um só lugar como o futebol. Ao redor do globo, há povos de diversas línguas, etnias, costumes e crenças, que, apesar das diferenças, encontram algo em comum: a paixão pelo esporte. Por isso, um jogador de futebol profissional tem em mãos uma grande responsabilidade, que é influenciar vidas por todo o mundo. Os amigos que ganhei, os milagres que presenciei e as vidas que encontraram Jesus por meio do futebol são, para mim, como memoriais: marcos importantes que me levam a celebrar e relembrar o quanto valeu a pena permanecer no centro da vontade do Pai ao longo de tantos anos atuando como atleta. Sei que o Senhor permitiu que eu me tornasse um jogador profissional porque tinha um propósito maior além da minha carreira. No fim das contas, não era sobre fama, dinheiro ou glória humana. Minha real missão era ser um reflexo de Cristo em tudo o que eu me propusesse a fazer, dentro e fora dos gramados. 

Para o senhor, qual é o sentido da existência? É agradar a Deus e fazer Sua vontade. Em casa aprendi com meu pai muitos princípios e valores baseados na palavra de Deus. Tentei colocar em prática esse aprendizado o tempo todo, seja como titular, no banco de reservas, com dinheiro, sem dinheiro, com fama, sem fama, morando no Brasil e fora, nos relacionamentos como pai e marido. Tudo isso trouxe um norte bem definido. As experiências foram só acrescentando e melhorando a minha maneira de ver as pessoas, a vida, o mundo, a Deus e a mim mesmo. 

A jornalista Ana Elizabeth Diniz escreve neste espaço às terças-feiras. E-mail: anabethdiniz@gmail.com 

“Além do Sucesso: Um em Um Milhão” 

Silas Pereira 

Editora Vida 

208 páginas 

R$ 69,90 

 Estante: Confira os lançamentos

“Projeto de Vida: Caminhos para uma Vida que Valha a Pena”, Clóvis de Barros Filho, Citadel Grupo Editorial, 272 páginas, R$ 59,90. 

Ao trazer temas como o valor do caminho, o prazer, a solidão, a resiliência, a influência do coletivo e o desejo pela eternidade, sempre amparado nos saberes filosóficos, o autor mostra que a resposta está nas escolhas feitas e não feitas. 

“Caminhando com Deus Pai: Reflexões e Orações Diárias para Estar Mais Próximo do Criador”, Magno Paganelli, Citadel Grupo Editorial, 384 páginas, R$ 62,90 

O propósito deste devocional é conduzir o leitor através das Escrituras e fornecer-lhe ferramentas para que desenvolva a prática devocional, que é tão importante para quem deseja tornar-se uma pessoa que caminha com Deus Pai. 

“O que Dizem as Mães e Filhas da Bíblia: As Lições de Fé de Nove Famílias Bíblicas”, Shannon Bream, editora BestSeller, 284 páginas, R$ 39,85. 

A autora sugere que Deus usou a história das mães e filhas na Bíblia para concretizar Seus planos divinos – e como Ele continua fazendo o mesmo em nossa vida até hoje. Ela explica a conexão intrínseca entre a fé e as relações familiares.