Todos os dias, entre segunda-feira e sábado, por volta das 16h, o cenário da rua Rio Verde, na altura do número 575, é o mesmo: uma fila enorme se forma na porta da Petit Lanches, localizada no bairro Riacho das Pedras, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Sejam moradores do próprio bairro ou gente que vem de outra cidade, o que não é raro, todos ali estão à espera do mesmo momento: saborear um salgado “gigante”, que, a depender da fome, equivale a uma refeição completa.

Na vitrine da lanchonete, se enfileiram salgados variados, como coxinha de frango com catupiri, joelho de moça, empadas de diferentes recheios, calzones e tortinhas. Os preços vão de R$ 4 a R$ 7,50. Mas os quitutes não duram muito tempo. À medida que a fila de pessoas avança, os salgados vão para as mãos dos clientes, e logo dão lugar a novos lanches. E essa toada vai até às 19h — a lanchonete abre às 8h, e os salgados começam a ser produzidos às 6h. No total, 14 pessoas trabalham no estabelecimento.

O resultado do ritmo acelerado da lanchonete é conferido pelo dono do estabelecimento, José Eustáquio Gonçalves, ao fim de cada dia. Ele conta que são vendidos mais de 1.000 salgados diariamente. “Mas isso varia, porque vendemos salgados conforme a demanda”, diz ele, sem querer entrar em detalhes sobre faturamento. Mas, afinal, o que há por trás de tanto sucesso? 

“O tamanho do salgado e a qualidade”, assevera. A lanchonete existe há 22 anos, mas foi comprada por Eustáquio nas mãos de um casal em 2006. Desde então, ele diz que fez inovações no preparo do lanche até chegar a receitas perfeitas. “Nós trocamos o tempero industrializado pelo caseiro, por exemplo. Também substituí a farinha por uma melhor e aumentei o tamanho do salgado”, diz.

O gerente comercial Paulo Maurício do Amaral, de 45 anos, comenta que frequenta a loja desde a sua inauguração. “Sou nascido e criado no Riacho e, desde quando abriu, sou cliente e frequentador. Venho aqui pelo menos duas vezes na semana. É um produto de excelente qualidade e preço”, garante.

O motociclista Igor Rosa de Lima, de 35 anos, concorda. Sempre que pode, ele passa na loja e compra um calzone de presunto e muçarela ou um pão de queijo recheado. “Quando estou na região, preciso passar”, frisa, dizendo que frequenta o estabelecimento há oito anos. “O custo-benefício também é muito bom”, fala. 

Salgados não são congelados

Se você quiser comer na Petit, precisará ir até a loja. Isso porque Eustáquio não congela os salgados nem trabalha com serviços de entrega. “Já havia trabalhado em outra lanchonete, e, como lá o salgado era congelado, acaba perdendo a qualidade”, analisa. Ele não vende refrigerado sequer para quem deseja ir para fora. “Três anos atrás, uma cliente que morava no bairro se mudou para o Japão e pediu um pão de queijo. Eu o preparei e entreguei para uma família que iria para o país, e eles é que congelaram e levaram”, relembra. Além disso, ele raramente produz salgados para a festa. “São salgados que dão muito trabalho para fazer, quando faço, deixo de produzir para o balcão”, pondera.

No Bairro das Indústrias, no Barreiro, também há uma Petit Lanches, mas não se trata da filial da lanchonete do Riacho. “A loja é da cunhada dos antigos proprietários da loja do Riacho, e hoje quem trabalha lá são os sobrinhos dela”, conta. O proprietário diz também que está nos planos abrir uma filial, mas ainda sem data.